GOSTO DE VER O BARCELONA AOS DOMINGOS:
ELE ME LEMBRA O MEU IMBATÍVEL VASCO DA GAMA
Sempre que posso reinvento na minha sala de TV aquelas velhas tardes de domingo no antigo País do Futebol.
Hoje a tela do meu televisor foi tomada por inteiro pelo espetáculo de uma impressionante máquina de jogar bola.
Era o Barcelona de Neymar, Messi e Soares, necessariamente nessa ordem de escalação e de minha preferência.
Gosto do futebol sério e eficaz do pequeno argentino Messi; sou maluco pelo futebol moleque e fagueiro do precoce menino brasileiro, Neymar e respeito os gols de bico que o uruguaio Soares sempre marca. Com eles é sempre assim: matam e depois vão chorar no velório. Quer dizer, respeitam a dor do adversário.
Para não passar por desses Lulas que pululam por aí inventando histórias sem pé nem cabeça, sem barco nem píer devo dizer que hoje foi menos, um pouco menos: o Barcelona, essa tal máquina de Futebol ocupou apenas 75% do espaço da tela da TV e o resto ficou para o Sevilla e umas que outras imagens em close, em plano fechado sobre a torcida espanhola.
E que torcida. Até a torcida espanhola é um show. Lá estava ela vestida rigorosamente a rigor para assistir a mais um grande espetáculo e ao mesmo tempo prevenir-se contra o frio gostoso que hoje fez naquele canto bonito da Europa.
Ah, sim... o jogo. Pois olha, o Sevilla, time enjoado quando contra-ataca, atreveu-se a marcar primeiro. Então Messi empatou de falta, no ângulo superior esquerdo do goleiro.
Foi assim como se fosse uma cesta de um Globetrotter; como uma linda cesta de chuá, enfiada com a mão. Messi fez do estádio do Camp Nou uma quadra do Harlem, em Manhattan, Nova Iorque, raiz do basquete mais bonito do mundo.
Depois, assim que começou o segundo tempo, o zagueirão Piquet fez 2 x 1, marcando um gol piquetipicamente de zagueiro: enfiou sem arte nenhuma mas com raça pura a peronha para o fundo das redes. Veja que até o tratamento que dou à bola é uma volta às velhas tardes de domingo.
O resto do jogo foi o resto: o Sevilla incomodando e o Barça jogando e andando para a insistência do adversário. E aí então o referee bafejou o apito final, encerrando de vez as cortinas do espetáculo
Fim de festa. O barcelona está invicto há 33 jogos. Lidera o campeonato da Espanha com 13 pontos de diferença sobre o segundo colocado, o esquadrão merengue do Real Madrid.
Gosto de ver o Barcelona aos domingos à tarde. Ele me lembra o meu bom Vasco da Gama.
Tão bom que me vejo, assistindo ao Barça, no velho estádio do Maracanã onde brilhava o ataque fulminante do meu incrível, fantástico, extraordinário "Expresso da Vitória", o campeão dos campeões: Sabará, Maneca, Ademir, Ipojucã e eu.
Isso mesmo, eu, Sérgio Siqueira, seu criado e malcriado, na ponta esquerda - goleador do time, batedor de todas as faltas, laterais e pênaltis.
E até mais um pouco, eu era também o editor do regulamento dos jogos, amistosos ou de campeonato; mesário e treinador do melhor time do Vasco em toda a sua história. Mas nã era só por isso que eu garantia a titularidade, deixando no banco de reservas Friaça, Chico, Pinga e Simão. Eu também jogava muito. Era meio Messi, um pouco de Neymar e muito melhor que o Luizito Soares.
Então é isso: gosto de ver o Barça jogando porque ele me dá uma saudade enorme dessas velhas tardes de domingo, do meu imbatível Vasco da Gama, no meu saudoso Maracanã: a minha velha mesa de jogo de botão.