O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

3 de mar. de 2016

ONZE HOMENS E SUAS SENTENÇAS DECIDEM
O DESTINO DE MAIS DE 200 MILHÕES DE REFÉNS

Se há uma coisa que me preocupa, me amedronta, me dá um enorme temor servil e me humilha nessa democracia de gabinete é um trambolho ditatorial e soberano chamado Supremo Tribunal Federal.

Vira e mexe, o destino do país está nas mãos de onze entes fantásticos, onze seres extraordinários, dotados de um poder constitucional absoluto.

Das suas marteladas douradas, das decisões por eles tomadas, não cabe a nada e nem a ninguém recurso algum. São eles os guardiões definitivos e inamovíveis da Constituição brasileira.

O Brasil, pareça ou não pareça, queiram ou não queiram, é refém permanente dessa Corte Suprema, desse tribunal de instância final, formado por onze senhores de propalado "notável saber jurídico", escolhidos a dedo pelo Presidente de plantão e referendados pelo Senado - justamente duas das mais perigosas e desacreditadas figuras do regime político que esta República padece.

O Supremo Tribunal Federal é uma Corte abarrotada por uma infinidade nunca vista de direitos e privilégios constitucionais, como não se conhece em nenhum outro canto qualquer do mundo. É no colo desses onze homens e suas sentenças que frequentemente está acomodado o destino de mais de 205 milhões de habitantes dessa pátria que já foi amada e idolatrada.

RODAPÉ - O mais aterrorizante no poder desmedido desses supremos ministros é que eles não julgam ladrões de galinha, nem afanadores de desodorantes nos supermercados; eles só tratam das grandes questões dos maiores delinquentes; eles só lidam com os grandes chefes do crime organizado que tomou de assalto o Estado.

Para governos pintados e bordados de corrupção e escândalos é mais fácil, bonito e barato lidar com a consciência de 11 poderosos julgadores que habitam o Olimpo, do que mover montanhas de vivas almas honestas que constituem o in/consciente coletivo de milhões de habitantes da planície.

Não se trata de mudar ministros, isto seria apenas o roto rindo do esfarrapado. Trata-se de mudar esse sistema de fazer justiça final. O Supremo é o resumo da expressão falaz e matreira de que "nesse governo, as instituições estão funcionando" - selo de garantia dos desmandos nesse país de oportunistas que não só gostam de levar, como sempre levam vantagem em tudo.