SOU FÃ DE QUEM SABE PERDER
Que sinuca de bico essa canalhocratice nos meteu. Desde 1985, quando Sarney assumiu a presidência dessa República e deu início à redemocratização, que os brasileiros se atiraram pra trás e não foram pra frente. Andamos caindo pelas tabelas.
Essa comandita - Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma - nos impingiu a democracia de gabinete cheia de gaveteiros e cá estamos nós sem saber o que fazer.
Daqui a pouco, sai a Dilma e se Michel Temer não sair com ela, é justamente ele, o Mordomo do Drácula, quem vai governar o país.
Pode ser até que não o faça por muito tempo. E, no entanto, por pouco tempo que o seja, será tempo demais. Dependendo das circunstâncias, deve sair nova eleição em 60 dias.
Mas também podem entrar no jogo, dependendo do regulamento geral do torneio, um Eduardo Cunha, ou o seu pavoroso similar, Renan Calheiros - um verdadeiro Rui Chapéu dos panos verdes do Congresso Nacional.
E quem há de nos dizer que Lewandowski não queira demonstrar que ainda é bom no taco?
Aí, meus caros só a platéia ensandecida há de clamar por uma tacada do mestre Tiririca, o mais votado dentre os mais votados dessa imensa casa de diversão e jogos de azar que é o Brasil da Silva.
Será pior a emenda que o soneto. Estamos encaçapados. Não há quem nos represente dentre as mais sagradas almas vivas e os mais honestos candidatos a candidato que aí estão.
Chamado o pleito no devido prazo legal, podem vir Aécio Neves, Geraldo Alckmin, Marina Silva, até o indefectível Lula e as mesmas figurinhas carimbadas de sempre. Nenhum deles, é portador de qualquer perspectiva que seja para o bem do povo e felicidade geral da nação.
O que há de melhor hoje pela frente são as eleições municipais. Tempo de não se reeleger ninguém que tenha feito de suas Prefeituras e Câmaras Legislativas verdadeiros clubes de jogatina desenfreada; reconhecidos refúgios para quem não tenha tido competência e lealdade para legislar e nem sequer demonstrado vocação para governar.
Temos dois anos e uns poucos dias para mudar as regras do jogo sujo que, por nos distrairmos durante o jogo, lhes deu a oportunidade de furtivamente nos botarem a bola com a mão nesta sinuca de bico. Mudemos as regras até 2018: o presidente pode ficar de gerente do clube, mas quem joga somos nós.
O árbitro, escolhido por nós será tipo assim um primeiro-ministro; coisa bem parlamentarista. É a nossa vez de jogar e deixar jogar.
É tempo também de que eu lhes confesse uma coisinha de nada: sou fã de quem sabe perder. Mas, só quando eu ganho. Então, bota fé! - como rezaria por nós o papa Francisco. Ou, então bota giz no taco! - como diria o imbatível Rui Chapéu.