O CATITA
História contemporânea do Brasil da Silva: neste decoroso e benemérito 22 de março de 2016, o supremo juiz Teori Zavasck determina que todas as investigações da Operação Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal que envolvam Luis Inácio Lula da Silva e políticos com foro privilegiado, como a veneranda Dilma Sapiens, sejam remetidas ao Supremo Tribunal Federal.
Teori Zavasck - o único certo na Magna Corte - decide também, na mesma triunfante data, absoluto sigilo em interceptações telefônicas que envolvam autoridades com foro privilegiado.
E assim é que a história republicana o transforma no Catita das legiões governistas que dominam esse país. Zavascki é o Catita do Supremo Tribunal do Governo Federal.
E para satisfazer sua natural curiosidade, já os contemplo, meus desencantados camaradinhas, com a devida elucidação para a honrosa concessão do título de Catita ao probo, autárquico e infalível julgador.
Preciso é, no entanto, que eu volte alguns anos na história dessa minha vidinha que já foi boa, bonita e barata.
SOB A VOZ DO COMANDO
Pois, estava eu, prestando o compulsório Serviço Militar, lá pelos anos quase 60, no 9° RI, Regimento Tuiuti, em Pelotas a minha pátria pequena que deixei no Sul, no Bairro Fragata, pertinho do sepulcrário São Francisco de Paula, eivado de mortas almas mais honestas que as vivas que andam assombrando o Brasil ultimamente.
Era uma segunda-feira comum de caserna. Coisa de 7 horas da madrugada, as Companhias dos dois Batalhões daquele Quartel estavam perfiladas para a parada matinal.
O Sargento-do-dia, preparava-se para fazer a revista na tropa.
Um murmúrio inusitado que corria de boca em boca, despertou-lhe a atenção e aguçou-lhe os ouvidos. A coisa, em tom de fofoca, corria de recruta para recruta: - Comi Catita. Comi Catita...
E se repetia em efeito dominó. Um murmurava "comi Catita" para o outro que passava adiante o mesmo "comi Catita" que já era repassado para o próximo. O sargento então resolveu interromper a corrente pra frente. E fez eclodir a sua voz de comando:
- Quem comeu Catita, dê um passo à frente.
Toda Companhia deu um passo à frente. Menos um soldado que ficou na dele. Quieto e perfilado, onde estava... O sargento quis saber daquele praça isolado, solitário por que ficara imóvel, parado no mesmo lugar:
- Ei, você... Por que não obedeceu à voz de comando; não comeu Catita?!?
- Eu sou o Catita, sargento.
RODAPÉ - Não pelo que possam estar pensando; sim pelo isolamento da triste figura, há um Catita hoje no Supremo Tribunal Federal.