ITAQUERÃO BALANÇA, MAS NÃO CAI
Foi preciso morrer mais um operário para embargarem a obra feita a toque de caixa do estádio Itaquerão, cuja pedra fundamental tem até hoje as digitais do corretor da empreitada.
As digitais, ou a palma do pé frio que - como um Midas hodierno - transformam em ouro tudo que o lobista-mor da República toca pra frente porque atrás vem gente. Ouro de 24 quilates para quem é da banda larga e de tolo para quem não é do seleto time.
Com esse garoto de 23 anos que no sábado despencou de uma altura de 15 metros, o PAC do Itaquerão já ceifou três vidas de inocentes trabalhadores.
Agora o Corpo de Bombeiros expediu o boletim médico da obra: o Itaquerão não é seguro. Até agora o projeto técnico do estádio nascido para ser a abertura da Copa ainda não deu as caras para a necessária avaliação final. Assim é que a arena não está segura para receber o público. O Itaquerão até agora não se adequou à legislação e nem tem o Auto de Vistoria.
O Curingão até hoje não informou a ninguém a capacidade de lotação do estádio e, muito menos disse ou mandou dizer como é que os torcedores podem sair da arapuca em caso de emergência.
Marcelo Odebrecht e Andres Sanchez, os laranjões do consultor pé-frio da obra, já não sabem o que fazer para não caírem do galho. É que se trata de um galho padrão Fifa. Sempre dá frutos. Mas não se amofine: o Itaquerão balança, mas não cai.