O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

29 de set. de 2011

SÓ FALTA AGORA UM SUPERCLÁSSICO MESMO

MISTO DO BRASIL 2 X 0 ASPIRANTES DA ARGENTINA

Escanteado pela hora do jogo, pela praga dos cambistas, pelo preço dos ingressos, pela tabela dos flanelinhas, pela falta de estacionamento,  pelo martírio do transporte urbano, pelo Mano Menezes no banco e porque o Superclássico das Américas era por rapadura, me acomodei na sala, diante da TV cercado de pipoca e guaraná.

Eu já sabia. Eles entraram com Montillo no lugar de Messi. Sem o Messi a Argentina é menos de meio time. Com Montillo fica faltando a outra metade. Ah sim, o Ronaldinho Gaúcho está esquentando o banco para Paulo Henrique Ganso.

Deu para notar como o Mano Menezes vem renovando a sua seleção. Depois de convocar o ancião Renato Abreu, levou dessa vez Ronaldinho, Fred e Diego Souza. No próximo amistoso ele convoca o Rivaldo e, se bobear, chama Romário e Edmundo.

A surpresa foi o lateral esquerdo Cortês. Nem tanto pelo jogo, mas pelo cabelo. A gruvinha parecia uma oca, uma palhoça indígena, onde provavelmente teria nascido Djavan. Mas o Cortês é mais feio.Tanto é que, quando ele e Ronaldinho Gaúcho tabelavam ali pela lateral canhota, os argentinos morriam de susto.

Duas grandes emoções: o arrepio de Neymar na hora do Hino Nacional e o Mano entrando vestido de treinador. Ele trocou o terno e a gravata por um abrigo esportivo. Sabia que a taça era fajuta e não teria coquetel depois do jogo.

O desagradável é que politicaram o futebol. Fizeram os jogadores do Brasil de porta-estandartes de uma campanha do governo que quer desarmar os cidadãos de bem. Os bandidos continuam mais armados do que nunca. Os chinelos, de metralhadora; os infiltrados no Estado, com partidos e votos.


A cada saída de bola do goleiro Jefferson batia saudade de Rogério Ceni. Assim mesmo, o goleirão do Botafogo dá de dez no frangueiro Julio Cesar.

Pouquinho depois, Lucas faz sua primeira jogada de efeito. Dribla um monte, cruza e Neymar perde um gol feito. Mano Menezes dáo ar da graça: levanta-se do banco, gesticula e faz sinal de positivo com os dois polegares para a torcida pensar que era jogada ensaiada.

Logo em seguida, a gente viu que aquela história do "peso da camisa amarela" é pura lenda. Só o menino Lucas usou três delas contra os reservas argentinos. E foi assim o primeiro tempo. Foi-se assim.

Na volta do vestiário, sem qualquer alteração física ou tática, o garoto Danilo dá de pé direito uma enfiada à la Gerson, o Canhotinha de Ouro, para Lucas que bancou o fominha e fuzilou o goleiro argentino. Goleada; 1 a 0!

Aos 23 minutos, saiu Lucas e entrou a revelação Diego Souza que só não é mais veloz que o Fred. Aos 25 saiu Borges e entrou Fred que só não é mais rápido que o Diego Souza.

Aos 31, gol chorado de Neymar, num cruzamento do lépido e faceiro Diego Souza. Pronto, 2 x 0 e Mano Menezes está no cronograma exigido pela Fifa para a Copa de 2014. A vitória contra os aspirantes da Argentina serviu como uma espécie de renovação de passaporte. Mano vai com a mesma segurança e velocidade com que as obras da Copa estão indo.

De resto, o amistoso no Mangueirão, lá em Belém, "cidade onde nasceu Jesus" - conforme constatou um dia o velho Alcindo, atacante do Grêmio - serviu para mostrar que a rivalidade entre argentinos e brasileiros já não é mais aquela.

No fim do jogo os dois times se cumprimentaram e até trocaram camisetas. Onde já se viu isso?!? Só pode ser sinal dos tempos, culpa da internet.

E, por fim, o Brasil ficou com o troféu com cara de sol peruano e corpo da Madonna quando interpretou Evita Peron no cinema. Mais um drama tipicamente argentino.