Surpreeeesa! A Comissão de Ética da Presidência da República que Dilma recebeu de herança dos oito anos do governo Lula, decidiu arquivar as investigações sobre denúncias de irregularidades contra os ministros Paulo Bernardo, das Comunicações - acusado de ter usado o avião de uma empreiteira durante a campanha eleitoral de 2010 - e Fernando Pimentel, da Indústria e Comércio, e contra o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. Pimentel e Gabrielli foram beijar a mão do petista Zé Dirceu, acusado de ter montado uma central de lobby em um hotel de Brasília, conforme demonstrou reportagem da revista "Veja".
Sepúlveda Pertence Essa Comissão de Étitica é a mesma que fingiu que não viu as arteirices de Palocci e Erenice que transformaram a Casa Civil num Barraco da Presidência da República.
Presidida por um julgador que não se pertence, a Comissão de Étitica é tão eficaz e justa quanto as suas homônimas do Senado e da Câmara. Lá o espírito da lei é o de corpo. E não raro, o de porco.
Essas comissões são apenas três dentro de um Brasil que padece da Ditadura da Meia Dúzia. A era Lula, ao consolidar malévola e paulatinamente a estratégia da coalizão pela governabilidade, implantou em apenas oito anos esse regime de poder, verdadeira Síndrome da Imunoimpunidade dos que se apropriaram indebitamente do Brasil Maravilha.
Os Poderes constituídos prestam relevantes serviços aos autores de malfeitos. Trabalham para os malfeitores. É assim nas boas casas do ramo no Executivo. Ministros, assessores, consultores e lobistas, enfiam os pés pelas mãos, trocam alhos por bugalhos, enchem os bolsos, botam a vida pública na privada e, no fim de tudo, meia dúzia de doutos árbitros decidem que o Estado deve ser penalizado. A conta é paga pelo respectivo Ministério ou por um de seus organismos putrefatos.
É assim também no Judiciário. Tudo que precisa ser julgado e condenado, passa por debaixo de meia dúzia de togas honoráveis de prolixos ministros apontados a dedo pela Presidência da República para vigiar a própria Presidência. Felizmente para o Brasil dos crédulos e desavisados, nenhum presidente do Brasil - nem mesmo Fernandinho Beira-Collor, o desistente - foi considerado culpado de um só deslize de honradez, ou tropeço de caráter. E olha que aquela Fiat Elba era bem mais lenta que o Sedex de Waldomiro Diniz, amigão de Dirceu, de reconhecida e confessa fidelidade canina a Lula da Silva.
No Legislativo - ah, grande casa de tolerância! - tá tudo dominado. Um desses maias quaisquer pode até construir um chatô com cara de cabaré sob o seu próprio gabinete no Congresso Nacional que nada lhe acontecerá, como não aconteceu com Agaciel, porque também não aconteceu com Renan - o que vendia gado fantasma para pagar a conta da jornalista que traçava; como não aconteceu com Sarney que fez sumir, uma por uma, duas meia dúzias de acusações pra lá de conhecidas. Como não acontece com nada, nem com ninguém. Todos os malfeitos são pagos pelas burras públicas em nome dos seus malfeitores.
Mas, nesse esquema de poder, o que vale é ter nas mãos de poucos o controle da história de muitos. E, quando a nação se der conta, vai ver que a maioria está sendo dominada pela minoria. É assim que funciona o Crime Organizado Estatal.O domínio da minoria sobre a maioria brasileira de hoje é apenas um repeteco histórico que não vale a pena sofrer de novo.
É como aconteceu com os judeus nos campos de concentração nazistas; como aconteceu com 50 milhões de africanos diante de dois ou três mil opressores brancos; como acontece agora mesmo, aqui nesse Brasil Maravilha que é bom para meia dúzia de centrais sindicais que representam milhares de sindicatos;
Como acontece com meia dúzia de partidos que engolem os nanicos; com meia dúzia de facções criminosas que comandam o crime generalizado das ruas; com meia dúzia de empreiteiras que recebem para não tirar do papel as obras da meia dúzia de PACs inaugurados em palanques republicanos;
com meia dúzia de consultores notáveis; com meia dúzia de palestrantes milionários, podres de rico; com meia dúzia de milhares de corruptos imunes e impundes; com meia dúzia de Institutos, outras tantas Fundações tão privilegiadas quantos as ONGs, organizações não-governamentais que debochadamente só se sustentam com dinheiro do governo...
O Brasil "não é uma Roma Antiga". O Brasil é a ditadura da meia dúzia. Das muitas meia dúzias que nos ensinam a viver, pois se nos ensinassem a morrer esta seria uma lição que com meia dúzia de bengaladas bem dadas pelo povo acabaria como já deveria ter acabado há oito anos e meio: numa democracia de verdade, trabalhando - e essa não é a praia do governo - pela justiça e pela igualdade social.