A primeira-mulher-presidenta Dilma resolveu não sair na chuva para não se queimar: passou a estratégia de cooptação eleitoral para o presidente submerso do seu governo. Lula será o "ministro de assuntos eleitorais". Contando com a gestação que vai parir o Ministério das Pequenas e Médias Empresas, Seu Encarnado é o sugestivo 40° ministro do harém da governanta do Brasil. Pronto, agora é só descobrir por onde anda Ali Babá.
O cargo, evidentemente, é uma fantasia. Coisa assim parecida com o que Zé Dirceu diz que foi o Mensalão. Mas na Esplanada dos Ministérios - maior lixeira a céu aberto do País, se alguém fala em articulação partidária e política, todos já sabem que a primeira-mulher-presidenta diz que a função agora já é do seu criador.
Dilma deu o golpe do João Sem Braço. Estufa o ego de Lula, ao mesmo tempo que o afasta do seu gabinete no Palácio do Planalto. Lula agora vai viajar. Deixa o mandato submerso e assume o seu terceiro governo visível. Nesta sexta-feira, dia 23, ele vai para Washington. Logo depois, para Paris e Gdansk, na Polônia, berço do Solidariedade, único sindicato independente do velho e carcomido Leste Europeu. Dali, segue com a sua lavanderia "Palestra Enxutas" para Londres.
Isso tudo é por conta do seu Instituto Cidadania que também atende pelo codinome de Lula. Em outubro, mais podre de rico do que nunca antes nesse país, ele volta ao Brasil e não deixa os fundilhos presos na cadeira: vai percorrer 26 estados da Federação, só para pedir que os correligionários do partido que preside com muita honra busquem manter coligações com os partidos da base aliada, evitem disputas internas e procurem candidatos que representem renovação.
Só assim ele deixa a primeira-mulher-presidenta pensar que vai, afinal, começar a governar o Brasil. Fica bom para ela. E melhor para ele. A campanha que hoje começa para conquistar prefeituras é só o início de sua volta ao Palácio em 2014. No fundo, no fundo, Lula não é o 40° ministro de Dilma; Lula é o que ele mais gosta de ser na vida: cabo-eleitoral de Lula.