O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

8 de dez. de 2009

O CAMINHO DAS PEDRAS

A Ala dos Conselheiros do Sanatório da Notícia vai tentar mostrar, uma vez mais o caminho das pedras.

Era uma vez... o sonho de Lula imitar, ponto a ponto, voto a voto, o caminho infame que Hugo Chávez percorreu na Venezuela. Na primeira tentativa, deu com os burros n'água, porque sentiu - é esperto como ele só! - que brasileiro gosta de se fazer de bobo, mas para bobo não serve.

Brasileiro é bonzinho e gosta do jeitinho que tem. Gosta de dar um drible; de fazer gambiarra; de comer a mulher do melhor amigo; de estrepolias, empulhações e sacanagens; gosta de fazer os outros de trouxa. Mas, fundamentalmente, gosta de levar vantagem em tudo. E aí é que mora o perigo.

Ele adora as espertezas de Lula, as implicâncias de Lula, a basófia de Lula, o mau gosto nas tiradas fora de hora, com feitio de "presença de espírito"; gosta de saber que tem um presidente que perde o amigo, mas não perde a piada.

O brasileiro gosta de ter um amo e senhor, mas detesta cumprir suas ordens. Esse amo e senhor é bom enquanto o brasileiro come pela sua mão, mas é prontamente descartável quando ao lhe darem o pé ele já vai pegando a mão.

Como o golpe do referendo que Lula tentou, bem à moda Chávez e Zelaya, pegou mal na alma do povão de quem sempre terá voto enquanto o Bolsa-Família se arrastar por aí espalhando ociosidade, Lula pegou o primeiro poste pelo caminho e enjambrou o mandato-tampão.

Dona Dilma Roucheffe, morava ao lado. Era a dona da Casa Civil. Era o que estava mais à mão. Pegou-a e a fez candidata. Pronto, uma temporada de quatro anos de férias para ele e quatro anos de folga bem-remunerada para ela, além de uma confortável cadeira de espaldar alto no Palácio do Planalto.

Mas, porque é brasileira e "não desiste nunca", Dilma Roucheffe não é boba. Vai de Lula até fim, desde que o fim chegue até o ponto exato em que justificou o meio. Desconhecida como política, reconhecida como sargentona na caserna do núcleo duro do poder, mandona e explosiva, Roucheffe finge que se amolda: estica daqui, estica dali e tenta mudar o olhar; puxa daqui e dali, aumenta o sorriso, mas não tira a sua dureza plástica; fala baixo, mas entredentes.

É toda ouvidos e sorrisos para com o seu mentor político e mais forte, senão único, cabo-eleitoral: Lula do Brasil Da Silva. E Lula se ilude e pensa que tem bala na agulha. Por isso usa Dilma como se tivesse a chance de acertar todos os alvos com um tiro só. O fracasso logo vai lhe subir para a cabeça.

O golpe de Lula vai ser mesmo de um tiro só. Se não acertar no próprio pé, vai sair pela culatra.
É o seguinte: Lula programou, mais para ele mesmo do que para Dilma, um mandato tampão de quatro aninhos bem urdidos. E ela, num esforço inaudito, sorri feliz da vida.

Farsa dilmática; ledo e maravilhoso engano lulático. No tempo em que os bichos falavam já se sabia que em rio que tem piranha jacaré nada de costas. Só que o sapo barbudo virou jacaré babaca. Dilma é traíra. E ela vai dar carona para o escorpião. Terminada a travessia, depois de servir de meio de locomoção, o jaré vai ser picado na nuca lá do outro lado da margem: é da natureza de Dilma.

Ela vai gostar de ser presidente e não vai abandonar o barco que adquiriu, depois de ter jogado fora a carcaça crocodiliana. Aí, já acostumada a desfrutar das delícias da fauna e da flora do mando e desmando, quatro anos depois, trilhando faceira o caminho das pedras, ela dá o golpe no carcomido Lula e vai acomodá-lo como conselheiro de um ninho de cobras qualquer, como a sibilante PTrobrás e olhe lá.

Quanto aos brasileiros, eles continuarão gostando de quem gosta de desgostar os outros. Podem ser até bobalhões; mas não são bobos.