O Suriname está cercado pelo Atlântico, pela Guiana, pela Guiana Francesa e por nós, o Brasil Da Silva. É uma verdadeira república para brasileiros bonzinhos que vão para lá. Quaisquer 80, 100 brasileiros que se acomodem naquelas terras profícuas hoje libertas da antiga dominação holandesa são suficientes para aumentar consideravelmente sua densidade demográfica.
Nessa brasilianidade toda que se transferiu para o Suriname, as mulheres sempre foram muito bem-idas, já que as boas-vindas se transformaram em ataques sexuais, segundo admitiu o ministro da Justiça e da Polícia daquele país tropicante, Chandrika Santokhi. Ele calcula que pelo menos 20 brasileiras foram estupradas durante os ataques estrangeiros na cidade de Albina, na noite de 24. Foi um Natal "extraordinário". Tudo assim, feito muito às pressas. Com mais calma, muitas e muitas outras mereceriam o mesmo afetuoso tratamento. Foram 20 estupradas, as outras não fugiram da raia.
Diante desse notável relato, o Itamaraty com sua serenidade lulática de sempre manda avisar que a situação no Siruname caminha para a normalidade.
Tudo começou com o assassinato do surinamês Wilson Apensa, atribuído a um brasileiro. Apensa teria sido morto a facadas pelo brasileiro Ailson Alivera após tentar cobrar uma dívida de 1.400, por sua ajuda no suposto tráfico de brasileiros ilegais levados da vizinha Guiana Francesa. Tudo gente boa.
De lá para cá, os diplomatas do apóstolo Celso Amorim negam que brasileiros tenham sido mortos, mas as brasileiras estupradas afirmam ter visto corpos de seus conterrâneos enquanto tentavam fugir da cena dos atentados à vida e, digamos, à moral das narradoras.
Uma equipe da embaixada brasileira andou percorrendo hotéis e hospitais à cata de informações sobre mortos e desaparecidos. O governo brasileiro não deu novas informações sobre as vítimas dos ataques e nem a respeito de quantos ainda estariam desaparecidos.
Informou tão somente que a segurança na região foi reforçada e que as chancelarias estão em contato. Dizem itamaratecas que o secretário-geral Antonio Patriota foi tranquilizado pelas autoridades surinamesas que se disseram surpreendidas pela violência contra brasileiros.
Patriota reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela manhã e informou que a situação no suriname "começa a se normalizar".
Pela imprensa local, uma disputa entre criminosos teria iniciado a onda de violência em Albina, lugar que já foi um destino turístico, mas que agora abriga garimpeiros, quase todos ilegais. A região não estréia nesse tripo de confusão: já enfrentou disputas sangrentas em décadas passadas. Hoje é um centro de conflitos entre imigrantes e quilombolas, conhecidos como "maroons".
Alivera - que de bobo não tem nada - ainda está foragido. A morte de Apensa provocou uma onda de agressões, saques e incêndios. Os cinco brasileiros transportos pela FAB para Belém do Pará relataram cenas de "filme de terror" em Albina. Autoridades locais descreveram o incidente como um pesadelo e um surto de anarquia.
RODAPÉ - Agora só falta perguntar o que é mesmo que os brasileiros estavam fazendo por lá. De qualquer maneira, depois de apanharmos do Paraguai há mitos anos; de sermos escorchados pela Bolívia, de nos ajoelharmos para Cuba, de pagar vale para a Venezuela e um tremendo mico para Honduras, agora estamos perdendo até pro Suriname. Mas, tá bom, mestre Lula encanta o Financial Times.