É CHEGADA A HORA DE SAIR DAS RUAS
É tempo de entrar nos três Poderes constituídos e separar
o joio do trigo, para que todo poder seja ao povo devolvido.
Você viu as últimas pesquisas sobre a confiança que os brasileiros depositam na oposição? Dizendo assim, ninguém acredita, né não?
Ainda mais que pesquisa de opinião no Brasil são sempre muito menos oportunas do que oportunistas e têm sempre, todas elas - sem distinção de siglas ou codinomes - uma margem de lucro bem mais acima do que dois pontos pra lá ou pra cá.
Então, não importa se você viu os índices de descrédito popular nos partidos e outras cavernas do galho político de oposição ao status quo que perdura nesse país desde 1985, quando coube a Zé Sarney assumir a presidência no lugar de Tancredo e dar início ao que se chamou de redemocratização.
O que interessa é que todo mundo sabe que a oposição só é oposição no Brasil quando atende pelo nome de PT.
O PT foi oposição nos tempos da Arena e do MDB; foi oposição quando o Brasil era um amor nos tempos de Collor; foi oposição nos oito longos e intermináveis anos de FHC; e o PT continua sendo a maior oposição nesses escandalizados 12 anos do PT no Poder.
INDA QUE MAL PERGUNTE...
Então, deixando de lado, até com um certo mal-estar, a ironia que nos acomete quando o assunto é oposição, deixem que eu lhes faça cócegas no cérebro, minhas queridas companheiras e meus bons companheiros: Se o PT é governo e não é a oposição que eu penso que é, então, quem é mesmo oposição nesse país tropical e silvícola?
Não, não precisa me responder; responda-se a você mesma, ou mesmo - eis que brasileiro hoje é um ramo de vida dos mais variados sexos...
Pergunte-se mais - posto que você já sabe do que e sobre quem está falando: quando se é oposição, a gente se opõe a quê? Quem defende o quê? Qual é a causa, ou quais as causas que defendemos? Como, de que jeito as defendemos? Isso, assim como está, tá legal?
PRA SER BEM LEGAL
Ah tá bom. Tá legal. Só que não. É que tá legal, mas tem que ser mais do que já é legítimo; tem que ser na base da lei. Da lei praticada pelas autoridades constituídas.
Essa mesma lei usada e abusada por autoridades - políticos, deputados, senadores, ministros, juízes e promotores, empreiteiros, institutos, organismos físicos e jurídicos. Mas... não por todas as autoridades constituídas.
Quem sabe, essa indignação contra o uso e abuso da lei, contra a corrupção, contra esse jeito de governo, contra essa gandaia da política, contra o regime de dividir o país em nosso e deles, em separar o pobre e o rico, não levou às ruas não só a voz, mas botou nas calçadas, nos passeios, nos logradouros públicos a oportunidade de separarmos o joio do trigo, os bons dos maus?
QUEM SABE JÁ É HORA?..
Quem sabe não é chegada a hora de procurarmos o que há de bom nas tais e necessárias autoridades constituídas que darão legitimidade e rumo certo aos nossos anseios, às nossas ideias de moralização da vida pública; de ética na política; de estabelecimento de um verdadeiro, justo e factível plano de governo que extermine de vez e para sempre com qualquer plano de poder pelo poder?
Quem sabe já não é a hora da gente começar a procurar, dentre as autoridades constituídas, os que possam merecer a nossa confiança de verdade; os que realmente possam nos representar.
E quem são esses caras? Onde anda essa gente poderosa em que podemos confiar, com quem podemos nos emparceirar?
Vai ver que no Senado, esse ponto de referência para a retomada da democracia pura que a Constituição-Cidadã de 1988 nos propõe, não seja o presidente da Casa... E nem os líderes disso ou daquilo, ou presidentes dessa ou daquela comissão.
Quem sabe, aquele a quem procuramos para ser um dos nossos, não será alguém do baixo clero - já que essa classificação é estabelecida pelos próprios senhores dos anéis que hoje se valem da lei e dos regimentos para ser o que são e para fazerem do Brasil o que hoje fazem.
É bem provável que o presidente da Câmara dos Deputados, não seja o nosso contato imediato ideal e nossa busca tenha que ser por alguém, dentre eles, que guarde algo assim de alma gêmea com a população que não pertença a nenhum curral eleitoral.
Quem sabe a gente não encontra um ministro, o melhor de um time inteiro, no Supremo Tribunal do Governo Federal, que possa se juntar a nós, como os policiais federais da Lava-Jato, como o promotor de Justiça Etan Dallagnol, como o juiz Sérgio Moro, hoje nos representam pelo simples fato de, no uso da lei, buscarem sempre a justiça.
A ARTE DA ESCOLHA
Quem sabe a gente não encontra alguém, para presidir melhor o partido político com o qual simpatizamos, independente do apelido ou da sigla que tenha? Ora, a vida é a arte da escolha.
Nesse tempo de escolha que já está chegando, talvez encontremos os nossos pontos de apoio para além das ruas, naqueles em que vislumbremos um bom caráter, dignidade, espírito de fraternidade e a determinação de servir honestamente à sociedade em busca da melhor qualidade de vida, da igualdade e da justiça social.
Querem saber? Eu vi ontem o pessoal que lidera as redes sociais tipo "Vem Pra Rua", "Brasil Livre" e "Tô que Tô" ou, sei lá, "Vô que Vô", não me importa o nome que tenham, dizendo que agora estão "marchando" para Brasília.
Pois que venham. Que bom que venham. Venham e saiam das ruas e avenidas de Brasília e entrem no Congresso Nacional. Pisem nos tapetes e batam nas portas dos gabinetes certos. E digam o que queremos e ouçam muito bem o que eles dizem.
Estou certo de que chegou o momento da sociedade encaminhar suas pautas à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal. É chegada a hora de fazer o Congresso Nacional sentir orgulho e não vergonha de ser chamado de Casa do Povo.
TODO PODER EMANA DO POVO
É hora de o povo sair das ruas e entrar nos organismos de defesas da cidadania para depurar cada um deles; separar o joio do trigo no Executivo, no Legislativo, no Judiciário. É tempo de passar aos que tivermos real capacidade de escolher como representantes da sociedade brasileira, a nossa pauta, as nossas ideias de democracia, as nossas propostas de justiça e igualdade social.
É hora de escolher para interlocutores, as autoridades dos três Poderes Constituídos. É chegada a hora de a sociedade chegar junto às autoridades que já têm demonstrado independência e caráter na luta por causas e valores éticos e encaminhar-lhe suas pautas e prioridades.
Se o pessoal que ensaia se deslocar de todos os cantos do país para Brasília aqui chegar só para brandir faixas e cartazes, terá perdido talvez a melhor e mais oportuna chance de relembrar a todos que exercem o poder, que eles são súditos compulsórios da democracia e que servem ao tipo de governo descrito no artigo primeiro, parágrafo único da Constituição: "Todo poder emana do povo"... E em nome do povo será exercido e ao povo será devolvido.
HORA DE SAIR DAS RUAS
É tempo de entrar nos três Poderes constituídos e separar o joio do trigo, para que todo poder seja ao povo devolvido. E todos sairemos então às ruas como uma sociedade livre, justa, solidária.
RODAPÉ - Desde os tempos da Rua Barão de Santa Tecla, em Pelotas - minha pátria pequena que deixei lá no Sul - que quando converso com minha irmã Circe Maria, sai cada coisa... E olha que os tempos da Barão de Santa Tecla, são aqueles dias de recessão do fim da 2ª Guerra Mundial, quando o Brasil era um país honesto: o padeiro e o leiteiro deixavam pão e leite na soleira da porta. Hoje estivemos conversando por telefone. Eu e a Circe.