AO EXERCÍCIO DA RAZÃO
Já me convenci de uma coisa, as pessoas nunca são tão boas nem tão más como as suas opiniões. Descobri que são as palavras e as fórmulas das quais me valho que, melhor do que a razão, criam a maioria das minhas opiniões.
Já sei que não vou mesmo convencer ninguém de que as minhas convicções - seriam razões? - são melhores que as dos outros. Em todo caso, insisto: não julguem que obstinadamente me ponho a escrever sobre a corrupção.
Não. Eu escrevo obstinadamente contra a corrupção e... contra o crime organizado que o líder mais pernicioso que esse país já teve, sob a capa da "estratégia de coalizão pela governabilidade", copiou dos presídios e implantou no Estado.
E com "Estado", em verdade, lhes digo governo. Governo em todas as suas dimensões dos seus poderes constituídos e instituídos: Executivo, Legislativo, Judiciário, o 4° Poder e os governos invisíveis. É contra esse Estado delinquente que, obstinadamente, me posiciono e me exponho.
Sinto que às vezes o que tenho por minha opinião leva as tintas grotescas do instinto de dizimar, do desejo de derrubar para sempre aqueles que não pensam como eu quero que pensem.
É quando vem a razão e me avisa que se eu quebrar o poder de reação contrária, de nada me valerá vencer ou convencer a quem não teve o direito de resposta;de que nada me valerá sobrepujar e dominar a quem não dei a chance de exercer a sua liberdade de credo, de pensamento e de expressão.
Mas, deixem que eu me confesse para vocês: minhas opiniões e convicções só me satisfazem plenamente, desde que os outros as aceitem como as únicas certas e as adotem como se fossem suas.
Ah, meu Deus do Céu, eu tinha tudo para ser governista! E ai de vocês que achem que estou certo!