Michel Temer sai da toca
Como vice-presidente vai à Rússia pelo desembargo da carne
Depois da saia-justa em que foi metido pela Justiça por suas ligações com Wagner Rossi, o laranjão que mandava nas docas do Porto de Santos, Michel Temer chega agora - depois de muita água ter passado por baixo da ponte - o mais perto possível de seus contatos de primeiro grau com o ramo dos negócios agropeculiares do Ministério da Agricultura e Peculiaridades, hoje nas mãos tremelicantes de Mendes Ribeiro, já de malas prontas para ceder lugar - que desaforo ao PMDB - para Gilberto Kassab, dono do PSD, partido imune a propostas indecorosas tipo assim a lulática "estratégia de coalizão", vulgo toma-lá, dá-cá.
Michel Temer, o animal político que mais entende do lucrativo mundo de importação e exportação, pontos de ida e vinda da produção nacional, tem um ousado encontro - explícito demais para o seu estilo - com o primeiro-ministro da Rússia, Dimitri Medvedev.
Michel Temer usa o seu cargo de vice-presidente para chegar tão longe. Ele disfarça, dizendo que "há indicativos de que o país europeu colocará fim ao embargo a carne brasileira". Esse embargo é um renha-renha que já tem quase oito anos de festejada existência.
E, no cúmulo de sua exposição pública, justifica-se: “Há indicativos, mas não há ainda nenhuma certeza; nós temos que esperar. Nessa reunião, vamos levar com o ministro Mendes Ribeiro todas as medidas, até sanitárias, que foram tomadas”.
E, no cúmulo de sua exposição pública, justifica-se: “Há indicativos, mas não há ainda nenhuma certeza; nós temos que esperar. Nessa reunião, vamos levar com o ministro Mendes Ribeiro todas as medidas, até sanitárias, que foram tomadas”.
E se anima a explicar porque botou o fundilho na janela: “Nosso desejo é que se consiga fazer isso, pelo menos parcialmente, em relação a frigoríficos de alguns estados brasileiros”.
Se você não tá lembrado, dá licença de explicar: as carnes são o principal produto de exportação do Brasil para a Rússia, que é o maior comprador dos nossos cortes bovinos. A suspensão, eufemismo para o embargo, foi adotada em junho de 2011. O prejuízo é tão grande que até o vice-presidente da República saiu da doca. Epa! Saiu da toca...
RODAPÉ - Nas entrelinhas o que se está dizendo é que a exposição do vice-presidente hoje é mais audaz do que nunca. Afinal, embora quase 13 anos distante, a história de Michel Temer com a Companhia Docas do Estado de São
Paulo, ainda não foi de todo morta e sepultada. Ela tratava apenas da suspeita de pagamento de propina na gestão de Marcelo
de Azeredo. O caso de Michel Temer com a Companhia remonta ao fim dos
anos 90, em pleno Governo FHC, quando ele Temer indicava o presidente da
Companhia. E indicou então, ninguém mais nem menos, do que Wagner Rossi que, com as bençãos temerárias virou ministro justamente da Agricultura, de onde saiu a jato pela porta dos fundos, deixando sua pandilha especializada em negócios agroperdulários comodamente instalada na Casa da Fartura Nacional, na cândida, ingênua e muito bem resguardada Esplanada dos Ministérios.