BOLA NA ÁREA
Moisés Pereira
Porque estou em São Paulo era inevitável que fosse ao Parque Antártica ver o meu imprevisível Grêmio enfrentar o Verdão, líder docampeonato. Foi uma noite com algumas emoções.
Confinados num canto do Parque onde a visão das piscinas era o destaque, eu , a Tatiana, minha filha jornalista integrante da equipe do IG em Sampa e mais aproximadamente mil gremistas da comunidade gaúcha local, pudemos ver o Grêmio à distância, o que sob certo aspecto não é tão ruim, haja vista algumas ruindades tricolores - com o perdão da redundância.
Confesso que senti saudade do Felipão, Arce, Carlos Miguel, Jardel etc. que no século passado encaravam aquela seleção da Parmalat e faziam história por estas paragens. De qualquer forma foi gratificante ver o time de Autuori reagir depois de um início claudicante e chegar a dar até esperanças de um melhor resultado no segundo tempo.
Também constatar a previsibilidade do Murici e o seu futebol pragmático de poucos toques e bola na área adversária para que a sorte decida de que lado está. A mesma sorte que penso poderá ser necessária ao mal-humorado técnico palmeirense porque ontem a corneta já rolava solta entre a "Mancha Verde"e outros simpatizantes do Verdão.
Afora o aspecto esportivo ressalte-se a atuação de nossa torcida que cantou "Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra", o hino rio-grandense que entoado em território inimigo não deixa de ser uma excentricidade gaúcha. E até eu vindo das barrancas do Arroio Chuí, quase castelhano, mas com a pretensão de ser indiferente aos sentimentos regionais "cantei" com fervor. Não contem a ninguém para não me constranger.
Por uma questão de justiça registro a civilidade"espontânea" das torcidas muito bem administrada pela PM paulista. É lógico que estava à paisana, porque vestir o manto tricolor seria correr um risco a que não tenho mais razões para me expor.
RODAPÉ - Moisés Pereira - Jornalista, cosmopolita, vitoriense. Comentarista gaúcho diletantemente esportivo, de penetrante olhar tricolor. Jogava, há mil anos, na lateral direita como ninguém. Moisés, dentre as duas tábuas, optou por vir ao mundo em Pau Fincado, na zona do Minuano. Como bom mosqueteiro, esgrimia em favor do Lobão, quando comentarista em Pelotas/RS. Uma coisa não se pode perdoar no Moisés de hoje: o ato cruel de levar a própria filha, mesmo que jornalista, a um jogo do Grêmio - ainda mais contra o Palmeiras.