Moisés Pereira
Quando o Corinthians perdeu três jogadores na janela de transferência para o futebol do exterior, o presidente Lula, preocupado com o destino de seu time do coração, chamou Ricardo Teixeira - o Monarca da CBF e sugeriu a adaptação do nosso calendário de competições ao europeu.
Quando o Corinthians perdeu três jogadores na janela de transferência para o futebol do exterior, o presidente Lula, preocupado com o destino de seu time do coração, chamou Ricardo Teixeira - o Monarca da CBF e sugeriu a adaptação do nosso calendário de competições ao europeu.
Em princípio parece simples tanto que o genro do Havelange pensou até em dar um canetaço. Mas na realidade a mudança é bem mais complexa do que se pode pensar sem uma análise mais profunda.
O primeiro obstáculo é que no futebol de hoje, totalmente comercializado, nem o calendário pertence à CBF, ao Lula, ou a quem quer que seja. Foi vendido e é propriedade da Rede Globo até 2012 no mínimo.
Também não podemos desconhecer que em outro hemisfério com outro clima e outra cultura uma alteração dessa ordem violentaria os hábitos e costumes aqui cultivados. Pode-se imaginar um campeonato que tenha no dia 23 de dezembro, ou dia 02 de janeiro jogos ”atrativos” como Barueri x Náutico, ou mesmo um clássico FlaFlu se até lá estes estiverem na primeira divisão.
E os campeonatos estaduais, perderiam os times da Série A. Sacanagem, ainda mais agora que o E.C. Pelotas voltou à primeira divisão no campeonato gaúcho.
Outras dificuldades não dependem de decisão de nossos “cartolas”. Teria que mudar em toda a América do Sul e no México, porque isso interfere na Copa Libertadores e na Sul-americana.
Será que uma alteração dessa ordem iria impedir o êxodo de jogadores dos mercados emergentes para os grandes da Europa ou mesmo para os países árabes ou até os asiáticos especialistas em esquentar fortunas na lavanderia do futebol.
Esta discussão me cheira a utopia, ou virar piada, tipo revogar a lei da oferta e da procura. Se o objetivo é fechar a janela de transferências, acabaria abrindo outras. Ainda bem que o senador Mercadante não é o manda-chuva da CBF, caso contrário como iria dizer não ao Presidente Lula?
Este assunto vai longe. Com certeza a solução a ser encontrada não será consenso e, fatalmente atenderá interesses maiores que não serão com certeza os dos torcedores.