O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

28 de ago. de 2009

ATUCANAÇÃO

Um cadáver no colo de Yeda
Moisés Pereira

A Reforma Agrária entrou na pauta dos problemas sociais brasileiros, se a memória não me trái , desde que João Goulart, presidente da República em 1964, lançou as reformas de Base em famoso comício na sexta feira 13 de março na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, e que terminou por desencadear o golpe militar no dia primeiro de abril seguinte.

Passados 50 anos, muitos episódios tem marcado a luta dos colonos sem terra com a bandeira da Reforma agrária ao longo de nosso país. Todos os presidentes, pelo menos depois da democratização, prometem solução para o problema. É justo que se diga que alguns avanços ocorreram, mas num país de dimensões continentais e a grande injustiça de distribuição de renda longe está a paz esperada no campo.

É decorrente desta situação o surgimento do MST e da UDR que representam os extremos nos interesses de proprietários das terras e ocupantes ou invasores em seus movimentos reinvindicatórios.

No Rio Grande do Sul o primeiro grande movimento ocorreu com um acampamento na Encruzilhada Natalino em Sarandi na década de 70. E a partir daí diversas escaramuças vem ocorrendo no decorrer do tempo com o ciclo ocupação, reintegração de posse, grandes manifestações. Dependendo da ideologia dos governantes a administração dos conflitos tem acontecido com mais ou menos diálogo e repressão.

Deve-se lamentar, além da falta de encaminhamento de solução para problema, tragédias provocadas pelos conflitos.

Lembro que há aproximadamente 20 anos um integrante da Brigada Militar foi degolado por um colono no centro de Porto Alegre.

Agora há uma semana na operação da desocupação de uma fazenda em São Gabriel, o sem terra Elton Brum da Silva foi baleado fatalmente pelas costas com uma arma calibre 12 com munição letal que rotineiramente não é usada nesse tipo de operações.

Causa espanto que decorrida uma semana de um crime praticado à luz do dia, em local público, com inúmeros testemunhas, até este momento não tenha sido esclarecido.

A Brigada Militar, os órgãos da polícia e o Ministério Publico, usando todos os recursos de perícia e inteligência não identificaram até agora o autor do disparo.
Convenhamos que o governo Yeda Crusius, que está enfrentando denúncias por improbidade administrativa e uma CPI na Assembléia Legislativa, tudo que não precisava era de um cadáver em seu colo e, pior, por tempo indeterminado.
Protestos e manifestações pipocam em diversos pontos do estado, e a tendência é de que essa situação tenda a agravar-se pelo menos enquanto não for responsabilizado o autor, ou autores do crime.