O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

24 de ago. de 2009

BOLA GENÉRICA

FUTEBOL CARIOCA
Moisés Pereira

Quando descobri minha paixão pelo futebol, lá nos idos da Copa do Mundo de 1950 realizada no Brasil era difícil não ter uma identificação com o futebol carioca. Era na capital do país que tudo acontecia e a Rádio Nacional pelas suas ondas curtas chegava a todos os confins do Brasil, inclusive no extremo sul, na minha cidade Santa Vitória do Palmar e, como minha formação esportiva foi do rádio, eu alimentava a minha fantasia e pelo áudio me aproximava dos ídolos.

O Vasco da Gama era a base da seleção de 50: Barbosa, Augusto e Juvenal; Eli, Danilo e Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico . Seis jogavam no Vasco, e embora o vitoriense Juvenal atuasse no Flamengo eu torcia pelo Vasco da Gama. Anos depois na era Pelé fui torcedor do Santos e do Farroupilha. Hoje eu, o Renato e a Tatiana, meus filhos, e Marina a minha neta torcemos para o Grêmio e nada mais pode ser melhor.

Assim, lembro do emocionante Super-Super Campeonato carioca de 1958 quando Vasco, Flamengo e Botafogo terminaram empatados e foram para um supercampeonato que também terminou em igualdade levando ao Super-Super vencido pelo Vasco da Gama.

Se hoje parece estranho entender como sobravam datas para tantos jogos, não acontece o mesmo com a desconfiança de que houve “armação” para maior faturamento com tantos clássicos decisivos.

Hoje, ao nos depararmos com a realidade do futebol carioca somos tentados a fazer uma reflexão sobre essa acentuada decadência. É certo que com a mudança da capital para Brasília o Rio deixou de ser o centro do Poder político e institucional, mas o poder do futebol continuou. É lá que estão a CBF do monarca Ricardo Teixeira e os tribunais de justiça desportiva de Sweiter, Schmitd e outros quetais.

Não obstante este status quo, os tradicionais clubes cariocas que na seara doméstica eram incensados como maravilhas do mundo perderam espaço quando o futebol se globalizou e nacionalmente outros centros tiveram visibilidade e crescimento. O Flamengo que ostenta a maior torcida do país ainda sobreviveu com alguns títulos nacionais e internacionais nos últimos anos.

É notório que, porque o negócio futebol ganhou destaque economicamente e na mídia, dirigentes de clubes usassem essas marcas tradicionais para vantagens pessoais e aí surgiram Eurico Miranda, Montenegro, Márcio Braga, Francisco Horta e outros.

A conseqüência natural de más administrações foi que Botafogo, Vasco da Gama e Fluminense passassem a ser freqüentadores eventuais da Série B, e o Flu também esteve na C. No atual campeonato Botafogo e Fluminense ocupam posições cativas no G4 do Mal, a zona do rebaixamento e o Mengo já está se aproximando. Enquanto isso seus patrimônios decresceram e as dívidas são expressivas.

Para o futebol brasileiro não é boa essa realidade, mas por outro lado é o reflexo de que num momento totalmente profissional, quem não se organizar e não adotar técnicas de gestão modernas está fadado a não sobreviver.