R. Stuckert/PR
Pronto, Dilma com um pé em Bruxelas, perto de sua Mombaça européia.
Dilma proporciona assim um replay requintado do episódio de Mombaça, a gloriosa cidade no interior do Ceará onde nasceu Paes de Andrade. Em 1989, Zé Sarney ainda era presidente do Brasil e Paes de Andrade presidia a Câmara. O donatário do Maranhão viajou para o Japão e Paes de Andrade assumiu.
Arq/Camara
Recrutou 66 figuras de amigos notáveis, pegou o avião presidencial e foi inaugurar uma agência do Banco do Brasil que já funcionava há mais de um ano naquele seu torrão natal.
Hoje Dilma não deixou por menos. Pegou o Vassourão e foi bruxelar em museus e mesas fartas em Bruxelas, na Bélgica; amanhã estará em Sofia, capital da Bulgária de onde logo rumará para Gabrovo, cidade natal de seu pai, Pedro Rousseff, onde vai encontrar familiares e visitar o Museu de História Regional.
Ainda bem que Ana de Hollanda, sua incitatus na Pasta da Cultura estará a seu lado para qualquer eventualidade. Na pior das hipóteses, para servir-lhe de intérprete, pois Aninha deve falar fluentemente o idioma búlgaro, usado em toda a Europa e no resto do mundo. Se não souber, pode deixar para Dilma mesmo que ela se vira em inglês.
O roteiro privado feito com dinheiro público começa pela manhã, quando em companhia do presidente Georgi Parvanov, ela irá a Veliko Turnovo. Ali visitará o forte da cidade e será homenageada em almoço oferecido pelo prefeito local. Desse jeito, ela vai ficar gorda.
O porta-voz da Presidência da República, Rodrigo Baena apressou-se a justificar a gandaia: "A visita da presidente à Bulgária terá um forte componente pessoal e emocional dados os laços familiares com a Bulgária". E mais não disse, na absoluta falta do que dizer.
Esses "laços familiares" são tão estreitos que esta é a primeira vez que Dilma, já primeira-vovó do Brasil vai a Bulgária. Isso é que emoção; isso é que é um forte "componente pessoal".
Talvez esses sentimentos sejam até verdadeiros, mas não tinham sido externados até agora às expensas de gastos pessoais. Vieram à tona às custas das burras públicas. Com açúcar, qualquer um tem afeto por uma parentada búlgara.
O esforço para mostar as razões oficiais do passeio a Bulgária chegou ao ridículo de dizer que "talvez sejam negociados ônibus brasileiros para atender à demanada dos búlgaros". O que parecia ser uma visita de pura cortesia e amizade, revela-se de repente uma armação desmedida. Quem conhece o transporte urbano e rodoviário no Brasil, sabe bem do que é mesmo que a gente está falando.
Depois disso, a comitiva da primeira-mulher-presidenta vai ancarar a Turquia. O esforço para dar à excursão de Dilma é comovente. Os arautos anunciam que "a viagem oficial se encerra com a passagem da presidente Dilma pela Turquia, onde ela terá na sexta-feira (7) a primeira reunião com o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, reeleito nas eleições gerais turcas em junho deste ano".
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Taí, apostamos todas as fichas que você não sabia que Dilma e seu séquito eram eleitores turcos. Mas isso a gente entende, afinal o brasileiro não é lá muito politizado. E se não sabe votar é aqui; lá na Turquia, o papo é outro. O que seria de Erdogan se não fosse essa visita da presidenta brasileira?!? Tanto faz, como tanto fez. O que importa agora é saber que na capital Ancara, Dilma participará de uma cerimônia de oferenda floral, no Mausoléu de Ataturk, e do encerramento do Encontro Empresarial Brasil-Turquia. Além disso, ela também terá uma reunião privada com, ninguém mais nem menos do que o presidente turco Abdullah Gül.
Há previsão de uma cerimônia de assinatura de atos, de declaração à imprensa e de uma participação em um jantar oferecido pelas autoridades locais. Mas isso de "uma participação em um jantar" é - como narra o texto oficial - só "previsão"... Sabe como é, o futuro a Deus pertence.
O retorno ao Brasil está programado para sábado (8). Espera-se que até lá, o vice-mais presidente do Brasil, Michel Temer, não tenha convidado 66 amigos bons e batutas para inaugurar um cais de porto em Tietê, onde se orgulha de ter nascido.