O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

3 de out. de 2011

COMO A BULGÁRIA, O BRASIL É UM PAÍS QUE NÃO EXISTE!

EXTRA! A VERDADEIRA RAZÃO
DA VISITA DE DILMA A BULGÁRIA!

Furo! A equipe de farejadores do Sanatório da Notícia  descobriu a verdadeira razão da visita de Dilma a Bulgária. Foi à cata do livro O púcaro búlgaro!
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Os domingos acabam sempre dando nisso. Num desses dias em que até Deus tirou para descansar quando inventou de criar o mundo, Dilma - sedenta de cultura geral - movida por uma enorme saudade de suas raízes paternas foi com apetite às estantes da biblioteca palaciana.

Suas rememorações a projetaram no rumo de um livro sobre o qual seu pai sempre lhe falava: O púcaro búlgaro! Ela sabia que era um romance assim, como ela tinha ouvido dizer, "surrealista", escrito por um tal de Campos de Carvalho.

Um livro que seria bom de ler pela primeira-mulher-presidenta do Brasil, ainda mais que fora lançado no marcante ano de 1964, quando ela já deixara de ser mineira para ser gaúcha e, mais que isso, guerrilheira urbana - bem mais que suburbana na velha Portinho dos Casais.

Deu com os burros n'água. O livro não estava por ali. Sumira - como se fosse um crucifixo qualquer pespegado na parede de um gabinete presidencial. Diante daquela eventual perda de tempo, Dilma deu vasão ao seu forte temperamento e concluiu com profundo faro e enorme sagacidade que O púcaro búlgaro só poderia estar num lugar: Bulgária, pô!

Daí a providenciar um pulinho à terra de Pedro Rousseff, seu pai, foi só um estalar de dedos. Aprontou o Vassourão, reuniu seus fiéis seguidores e partiu em busca não de aventura, mas de O púcaro bùlgaro.

Dissimulando uma agenda oficial, a primeira-presidenta, sedenta de leitura e de cultura, foi à luta. Entre uma cúpula e outra, acabou chegando aos maiores acervos da literatura búlgara. Procurou sem sucesso em Sofia e logo, determinada como ela só, se mandou para Gabrovo, berço natal de seu genitor. Lá naquele recôndito rincão do mundo também nada encontrou nas prateleiras.

Foi então que, num fortuito encontro com camponios se deu conta de que sua dedução era tão furada quanto a viagem que planejou para ter acesso às 110 páginas do ambicionado O púcaro búlgaro.

O púcaro búlgaro é um romance surrealista e o último livro de Campos de Carvalho, lançado em 1964. Foi lá, só então, que Dilma ficou sabendo de que se tratava de uma obra idiossincrática.

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Era, conforme lhe explicaram os nativos, uma narrativa de humor agudo, escrita com doses de surrealismo.

O livro todo é um texto formado por relatos que beiram a esquizofrenia e parecem não levar a lugar nenhum.
Conforme lhe traduziram de maus bofes os búlgaros de verdade, tudo se passa no verão de 1958. Ao visitar o Museu Histórico e Geográfico de Filadélfia, um sujeito chamado Hilário avistou um púcaro búlgaro.

Surpreso e curioso, pespegou um avião e embarcou – com uma comitiva integrada por alguns amigos bons e batutas, dentre os quais Pernacchio, Radamés, Expedito e Ivo Que Viu a Uva – numa viagem à Bulgária, a fim de comprovar a inexistência daquele país. Por isso mesmo é uma edição meio que maldita naquelas paragens.



Nessas horas, há que se reconhecer, Dilma tem mais consciência do ridículo que seu antecessor. Agradeceu as preciosas informações, pagou o mico e fez as malas para encetar jornada rumo a Ancara, na Turquia. Sua sede de leitura sumiu, de repente, não mais que de repente.

Havia coisas mais interessantes para fazer do que ler um livro que acabava com os principais ramos de sua árvore genealógica. Tinha que dar o seu abraço da vitória em Redev Erdogan, eleito primeiro-ministro da Turquia. Eleito em junho, mas isso não tem a menor importância para Dilma.

É que nem aquela viagem de Paes de Andrade a Mombaça, para inauguração da agência do Banco do Brasil que já estava funcionando há mais de um ano na cidade.