Secretária e unha e carne com Valter Cardeal, dono da firma Cardeal Engenharia que "desenvolvia projetos" para a Eletrobrás que contratou seus serviços para, nada mais nada menos, do que o programa Luz Para Todos.
Homem de confiança de Dilma, Cardeal enricou a partir do momento em que conheceu Dilma e entrou no governo Lula, maior carregador das baterias de sua empresa que, para não dar na vista, era impulsionada pelos seus irmãos Fernando José e Edgar.
"Desenvolver projetos" - ora, você sabe - é eufemismo para aquilo que, no jargão oficial, se chama de traficar influência. Essa coisa aí que Antonio Palocci diz que só fez quando era deputado e estava fora do governo, e que a Erenice Guerra diz que não praticou quando estava dentro.
Ao assumir a pasta das Minas e Energia, Dilma logo se lembrou de Cardeal. Ele prontamente voou na direção de uma vaga na Eletrobras, maior holding de energia da América do Sul.
A essa altura a empresa da família Cardeal já batia asas há muito tempo em contratos de prestação de serviços para a AES Sul - concessionária da energia do Rio Grande do Sul.
É aqui que você tem que se ligar: os contratos eram feitos por meio de concorrência privada. É um tipo de concorrência que não segue os parâmetros da Lei de Licitações.
A coisa fica mais fácil ainda, porque as auditorias são internas e todo o controle fica por conta da própria companhia. É uma barbada autorizar aditivos irregulares.
A proposta de hoje do governo Dilma, sob a alegação de que o cronograma da Copa do mundo não pode ser emperrado, é uma adaptação do que já foi e continua sendo feito há muito tempo por figuras manjadas de algumas barras de tribunais e que até já foram afastadas de organismos estatais a bem do serviço público.
Essa Medida Provisória apelidada de Regime Diferenciado de Contratações é apenas a adaptação requintada do que foi o programa Luz para Todos, sob a direção de engenharia de Cardeal, amigo de fé, irmão, bom camarada, companheiro bom e batuta de Dilma - a madrinha do RDC.
RODAPÉ - Não pense que essa burla às licitações será legalizada só para a Copa do Mundo. A Copa é só um degrau da escada que leva à jurisprudência. Vai virar direito consuetudinário e logo nenhuma obra pública precisará de licitações. Basta a velha amizade. Se amizade ficar chato, então vale uma dessas "notórias especializações", ou "similaridade" como as que o escritório do comunista mais capitalista do mundo, Oscar Niemeyer apresenta pelos quatro cantos do Brasil desde os tempos de JK.