Jamais saíram das retinas do mundo as imagens chocantes da passividade com os judeus caminhavam esfaimados, cabisbaixos, desminlinguidos, entregues à desdita, conformados, sem o menor esboço de qualquer reação, pelos campos de concentração nazistas, rumo à morte nas câmaras de gás.
Nem as histórias fantásticas e fantasiosas de cristãos que se deixavam devorar por leões, ou abater por gladiadores sem nenhum sinal de defesa física, foram tão marcantes quanto a passeata de zumbis cercados de arames farpados em Auschvitz, Buchenwalz, Dachau, Flossenburg.
Hoje, deputados e senadores, ministros de todos os poderes republicanos, governantes e terceirizados, meia-dúzia de partidos políticos e milhares de mensaleiros, mandam e desmandam em 190 milhões de passivos brasileiros.
Os metalúrgicos viraram burgueses, palestrantes novos-ricos; os "líderes" de partidos formam a elite nacional; os presidentes de sindicatos são os patrões.
O Brasil é a velha África. A África do Nelson Mandela preso. O Brasil de hoje é aquela África de ontem, aquela do Apartheid em que a maioria negra era escorraçada, usada e abusada pelo governo da minoria branca.
O Brasil de hoje é dominado, debochado, vilipendiado por um governo de minoria faustosamente acomodada com altos salários públicos e mais altos padrões de vida; uma minoria canalha que usa a gravata como um torniquete que esgana a nação; que faz o que quer e o que bem entende com uma população que anda de joelhos, cabisbaixa, vencida, entregue e sem qualquer esboço de reação, sem o menor sinal de indignação.
O que esses amos e senhores, proprietários do Brasil, armados até os dentes com o voto - a mais perigosa arma da democracia - estão fazendo com o orgulho brasileiro é a versão atual da mais odiosa judiaria.
Os brasileiros de hoje são os judeus de ontem rumo à desintegração física e moral; os brasileiros de hoje são os negros de ontem da África do Apartheid. E como ontem, essa monstruosidade de desigualdade social, vai demorar muito para chegar ao seu merecido fim. Vai demorar muito para surgir um Ben Hur, um Spartacus para libertar essa nação indefesa dos perigos e da humilhação dessa arena em que vive jogada às feras.
A menos que na próxima Páscoa - antes que saia um coelho da cartola distribuindo ovos de chocolate ao invés de cenoura - ressurja de verdade um cara chamado Jesus Cristo - aquele que morreu na cruz para nos salvar.
Que não seja renascido - pelo amor de Deus! - por um bispo, ou um pastor picareta dessas igrejas-imobiliárias que andam loteando o céu em cada esquina do Brasil.