Falou só porcaria, talvez inspirado no nome do repórter: Julio Mosquera que, coitado, não tem nada a ver com isso. Cumpriu pauta e pronto.
Ao realizar a "entrevista exclusiva" com o Rei Midas da consultoria mundial, a Globo deu aval, não ao que ele resolveu dizer e omitir, mas à importância que teria sua honrada palavra fora dos escaninhos e dos foros adequados de investigação e avaliação legal.
Pondo em descrédito o jornalismo que pratica, a Globo recuperou bons 15 minutos de fama como se fosse um organismo maior e mais importante que os poderes constituídos que, até agora, não conseguiram mais do que o Mosquera também não conseguiu nesta noite de sexta-feira.
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Calocci é a mais recente pneumonia leve de Dilma.
Nada disso importa. Interessa mesmo é que Calocci explicou que ganhou muito dinheiro de uma vez só, porque "encerrou as atividades quando voltou para o governo". Um caso inédito de pagamento pela morte e sepultamento de uma empresa. Imagine se isso acontece com a padaria ali da esquina. Pauta digna para o Fantástico e não para o Jornal Nacional.
Soube-se também, pela palavra de honra do "entrevistado" que a listagem de clientes não será conhecida porque a oposição pode tirar proveito político dessa relação com Calocci, perseguindo-os com a clara intenção de desestabilizar o chefe do Barraco Civil da Presidência da República.
Por tabela, soube-se então que Calocci só tem clientes burros, ou muito ingênuos. Nenhum deles, jamais, deveria se meter com um consultor que já fora corrido do governo Lula e que estava prestes a voltar como olheiro do próprio algoz no mandato de Dilma. Mais burros seriam ainda, por pagarem o preço que pagaram para ouvir conselhos.
Soube-se também que a empresa de Calocci "não tem pendências no Imposto de Renda". Bolas, isso não é nenhum ponto a favor; pelo contrário, é gol contra: quanto mais esperto for o finório, mais certinhas serão as contas de chegar. Só um enrolão muito bobo deixa as digitais ou as pegadas pelo caminho. Espertos não deixam pistas.
Para Calocci, "não há nenhuma crise". Deve ser apenas uma marolinha. E Dilma que fique boiando. Outra coisa: Calocci não colocou o cargo à disposição: "O meu e os de todos os ministros estão sempre à disposição...". Ele não disse nada se está e estão à disposição de Dilma, de Lula, do governo, ou de nenhuma das três alternativas.
Disse com ar peremptório que "Não fiz tráfico de influência". E logo lamuriou-se: "Mas como é que eu provo isso?"... Bolas, não precisa provar. Basta parar de fazer.
Enfim, essa "entrevista exclusiva" do Calocci foi o remake, sem tirar nem pôr, daquela "entrevista" do Lula a uma vídeo-editora independente em Paris, no tempo em que Zé Dirceu perdeu o emprego. A diferença é que esta foi feita no Brasil, aquela na França. O ranço é de déjà-vu.