Como a semana começou sem notícia - só se fala na queda do helicóptero em Trancoso e na bronca de Romário que meteu Jesus no meio para salvar a Copa - a Ala dos Desmemorizados do Sanatório da Notícia resolveu dar uma voltinha pelo Caso Palocci.
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Então, rememoremos: Antonio Palocci não foi preso pela dinheirama que arrebanhou em quatro aninhos como deputado do PT. Ele dançou nos salões da Casa Civil por tráfico de influência. Anote aí: tráfico de influência!!
Pois, em nome da rosa relembremos, ainda que já tenha sido celebrada a missa de 7° dia. Voltemos - só por implicância - ao Caso Gamecorp.
E a gente voltamos - como falaria a turma do Hadad - por pura implicância, porque a gente também somos filhos de Deus e pronto!
Reprodução/Revista Veja
Pois então, o escandalo é aquele dos acordos da Gamecorp com a Telemar e a Rede Bandeirantes.No já longínquo ano de 2006, a revista Veja contou que a Gamecorp teria sido politicamente beneficiada por ser propriedade do filho do presidente Lula em sociedade com os filhos do político Jacó Bittar, um dos fundadores do PT.
Foi se ver então naquelas priscas eras que a Gamecorp era um empreendimento de Fábio Luís Lula da Silva, de codinome Lulinha.
Pela Veja, Lulinha teve um incremento patrimonial com esse negócio nos primeiros anos do governo Lula, tipo assim o recentíssimo Programa de Aceleração de Crescimento do Patrimônio de Palocci.
Fábio Luis recebia então, como monitor do Parque Zoológico de São Paulo, um salário de pouco mais de 600 reais em 2002.
Zoo-SP/Como tratar bem do Leão
Menos de um ano depois que seu pai ficou de dono da Presidência da República, ele ficou sócio da então G4 Empreeendimentos, na cidade de Campinas - São Paulo. A especialização da empresa era em entretenimento e games. A outra face da Lua na G4 eram os filhos de Jacó Bittar.
Peraí, não se canse. Vamos devagar e sempre que tem mais: em janeiro de 2005, apenas um ano depois da entrada de Lulinha na empresa - já cognominada Gamecorp - a Telemar, firma do ramo da telefonia, de concessão governamental, fez o que se chamou de um aporte de 5,2 milhões de reais a título de investimento.
A revista mostrou que a sociedade entre a Telemar e a Gamecorp se deu em consequência de uma operação, no mínimo, complexa: misturou uma terceira empresa e uma compra de debêntures seguida de conversão quase imediata em ações.
Em junho de 2006, a Gamecorp - dizia a Veja - fechou um contrato com a Rede Bandeirantes de Televisão para alugar seis horas de programação diária no Canal 21 em UHF-SP. O tal espaço passou a chamar-se "PlayTV" e era preenchido com alguns programas voltados para o público "gamer" e um pacote de encher o saco de videoclips.
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Como era muito boazinha e a sintonia ia abaixo de zero, nesse mesmo glorioso ano a Telemar injetou outros 10 milhões de reais na Gamecorp, com a alegação de comprar comerciais de TV por antecipação.
Casualmente - constatou a reportagem da Veja - a Rede Bandeirantes obteve naquele mesmo período, um acréscimo de receitas oriundas de publicidade governamental.
Como o diabo não vestia Prada, o contrato sigiloso que repartia o bom bocado com a empresa do filho do presidente, referentes a frequência UHF Canal 21 em São Paulo, estourou na imprensa.
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No resumo da ópera bufa, a suspeita levantada pela revista Veja era, nem mais nem menos, que a Telemar estaria ajudando o filho do presidente pelo simples fato de ter a esperança de ser atendida em uma alteração na Lei Geral das Telecomunicações que permitisse sua fusão com a concorrente Brasil Telecom, isso era proibido.
Como a denúncia da revista Veja foi só mais um catatal desses de causar azia no presideus, em dezembro de 2008, foi editado o decreto presidencial assinado por Lula que permitiu a venda da Brasil Telecom para a Telemar/Oi.
Por que Palocci, o Mago das Consultorias, caiu por tráfico de influência, ninguém sabe. Talvez pelas mesmas razões que Lula não tenha sofrido um arranhão sequer com o Programa de Aceleração de Crescimento do Patrimônio de Lulinha, o Mago dos Videogames. Por acaso, seu filho. No bom sentido, é claro.
RODAPÉ - Há controvérsias. A Rede Bandeirantes entrou na Justiça contra a Editora Abril contestando tudo, tudinho que lhe dizia respeito. Ou não. Sim, sim, na época Lula do alto de sua cadeira no Palácio foi peremptório: "Lula é Lula, Lulinha é Lulinha". Pouco depois, para os menos avisados, veio a promessa de campanha "Lulinha, paz e amor".