Conforme ameaça feita lá pelo início do mês, uma missão técnica do Ministério da Agricultura já está de malas prontas para embarcar rumo a Rússia. O grupo brasileiro já tem sinal verde de Moscou para seguir viagem.
De posse do relatório russo - tipo assim "embarga para desembargar" - sobre as avaliações a respeito da estrutura física e da inspeção nos 85 frigoríficos brasileiros ameaçados de embargo, a lépida Secretaria de Defesa Agropecuária já concluiu as respostas ao questionamento e já deu ao documento o devido trato na trabalhosa tradução para o idioma dos russos.
Foto: Leilane Alves/Div.
O governo brasileiro torce o nariz para algumas exigências do órgão sanitário russo, como a sintomática necessidade de instalação de pedilúvios na entrada dos frigoríficos. O ministério garante que o setor utiliza lavadores automáticos, ferramenta mais moderna e eficaz do que os pedilúvios para evitar contaminações.
O secretário de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim, esperou sentado desde o início das controversas exigências moscovitas e agora já sabe que está na hora da missão desburocratizadora embarcar.
A rádio corredor informa que, para Jardim, o ministério vai bem preparado, pois sabe que nem tudo nessa questão com a Rússia é flor que se cheire.
RODAPÉ - A ouvir-se e levar-se em conta a rádio corredor, Jardim teria motivos de sobra: no ranking dos países sob corrupção, dentre as 145 nações mais corruptas, a Rússia aparece em 90° lugar, com média 2,8 numa escala de zero a 10. Ah sim, o Brasil é o 59° colocado, com grau 3,9 - bem mais sério que a Rússia, mas bem menos que El Salvador, Trinidad Tobago e a Namíbia, por exemplo. Tem razão sim, todo cuidado é pouco. E, afinal, essa versão russa de um dossiê de Odessa, com sinais de sociedade secreta especialista em fazer de embargos rentáveis desembargos, não pode ser levada assim como um simples garden party.