O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

27 de fev. de 2012

Cartola, calça de veludo e tudo de fora

Não perco uma edição do Blog do José Cruz - http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/ - não porque ele seja meu amigo de nascença; sim, porque eu sou seu fã.

E como ele é mais amigo meu, do que eu consigo ser amigo de verdade - é impossível alcançar a grandeza do espírito olímpico de Zé Cruz - eu conheço a sua verticalidade e o seu talento, como poucos dos muitos e muitos que seguem seu blog.

Hoje mesmo, o brilhante advogado César Cunha Lima trata ali naquele espaço, daquilo que Cruz titulou de "Mandatos dos Cartolas". O articulista vai além da crítica pela crítica, muito além do desabafo pela indignação, ele aponta o caminho, no último parágrafo de seu texto:

"O máximo que o Estado pode e deveria fazer é o seguinte: não financiar entidades que não contemplem o revezamento de poder ou permitam a “eternização” dos cartolas em seus cargos. Mas isso é muito diferente de redigir uma lei que englobe entidades que não recebam verbas públicas".

Conceda-me um aparte, preclaro causídico: concordo com tudo. Com tudo e só mais um pouco: isso é o mínimo. Poderia e deveria muito mais; deveria assumir, pelo ensino, pesquisa e extensão, o esporte como o mais ágil e saudável fator de inserção social.

Poderia começar criando - e tem dinheiro e condições materiais de sobra para isso - em cada escola pública a obrigatoriedade de um Departamento de Educação, Saúde e Esporte, dotado de profissionais das três áreas de formação, para atuar como um verdadeiro e autorizado centro de triagem dos valores da nossa juventude que hoje sabe muito mais de crack do que ser craque.

Nenhum aluno - de qualquer série educacional - seria aprovado no final do ano se tivesse mais frequência nas ruas do que nos pátios, nas quadras, nas canchas de esporte de seus educandários.

Isso nas escolas públicas; nas privadas - nenhuma permissão, oficialização e reconhecimento seriam concedidos pelo Estado, se não lessem pela mesma cartilha que, ao invés daquela do MEC que ensina errado, mostra como pelo esporte de qualquer modalidade os homens se entendem e falam a mesma língua: o idioma da saúde, do conhecimento, da identificação e do sucesso.

Eu não teria medo de um regime de governo que se impusesse de tal maneira e com tamanha determinação. Os Jogos Olímpicos de 2016 seriam uma barbada para o Brasil, como já o são nos países que adotaram esse modelo de formação dos seus povos.

O Brasil só não faz isso porque não quer. Porque o governo gosta e precisa de quem usa cartola, calça de veludo e tudo de fora.