Nada de muito novo nisso. Esse tipo de urdidura malévola vem sendo usada no Brasil com retumbante sucesso desde 2002 sob o codinome de "estratégia de coalizão pela governabilidade". Carlinhos Cachoeira foi só um bom e atento aprendiz que se transformou num grande e prático operador.
O bicheiro coalizou para a sua malha de contravenção deputados, senadores, prefeitos, governadores, ministros, delegados, policiais, partidos políticos e criaturas acima de qualquer suspeita. A rede de Carlinhos Cachoeira era tecida por um sólido esquema de contatos políticos e por uma pandilha de agentes da área de segurança que colocou a serviço da prosperidade de seus negócios; nada mais do que o seu PAC/CC- Plano de Aceleração de Crescimento de Carlinhos Cachoeira.
Pelo visto e sabido, Demóstenes Fones, o Paladino da Justiça, transava como um bom moleque de recados nos dois grupos. Caíram na malha de coalizão de Cachoeira pelo menos seis delegados da Polícia Civil e 30 policiais militares.
Carlinhos Cachoeira é tão poderoso que, por míseros 15 milhões de reais, coalizou Márcio Thomaz Bastos para defendê-lo na barra dos tribunais. À primeira vista, um exagero, já que até agora é acusado tão somente de contravenção. Há controvérsias: os R$ 15 milhões, seriam R$ 18 milhões - dinheiro suficiente para tirar de casa o ex-ministro da Justiça de Lula. E para animá-lo a não deixar cair a peteca da "estratégia de coalizão".
Carlinhos Cachoeira, como se vê, tem tudo para ser presidente da República. A salvação da pátria pode ser a Lei da Ficha Limpa, se até 2014 seu ilustre causídico não convencer alguns coalizados, usuários de capinhas de Batman, a transformá-la em Ficha Suja. Aí, ninguém segura Carlinhos Cachoeira - sua coalizão com o DEM, PT, PSDB, PP, PTB e PPS garante sua escalada para chegar ao Palácio do Planalto.