Luz acesa? Pode entrar...
Carlos Eduardo Behrensdorf
De RomaCarlos Eduardo Behrensdorf
Uma barbearia é historicamente o melhor veículo de comunicação exclusiva, atualizada e com os comentários pertinentes que fazem inveja a Joelmir Beting.
Em Roma a maioria dos barbeiros não conversa, faz conferências e o cliente acompanha pelo espelho o movimento das mãos com tesoura e pente.
O bailado é interessante, mas um corte de cabelo que pode ser feito em 20 minutos demora no mínimo o dobro.
Quanto mais antigos mais conversadores.
Se for sua primeira vez o ritual é o seguinte: identifique-se e informe que não fala bem o italiano (se for o caso). Eles dizem que entendem tudo, e você fala sobre o Brasil. Se há mais gente aguardando a conversa vira um seminário sobre o país, com focos de atração definidos: Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Kaká.
Relatam histórias de parentes que estão numa boa no Brasil e, com a navalha no pescoço, você ouve a seguinte pergunta: o que acha de Roma?
Duas coisas que chamam a atenção: uma delas é esta lâmpada colorida que ilustra o bate-papo. Todas as barbearias a exibem na porta: se estiver acesa e girando quer dizer que o barbeiro está lá dentro trabalhando ou esperado cliente.
A outra é mais interessante: ninguém ou quase ninguém trabalha às segundas feiras. Duvido de quem disser que encontrou um salão funcionando. (Carlos Eduardo Behrensdorf, de Roma)