IBOPE COMPULSÓRIO
Moisés Pereira
De Porto Alegre
Conheci o Galvão Bueno no início da década de 70. Morando em São Paulo, já era um grande consumidor da informação esportiva no rádio, no jornal e na TV. Os programas da televisão restringiam-se aos melhores momentos, em videotape, como se dizia, e às famosas mesas redondas.
Lembro que a TV Gazeta da Fundação Cásper Líbero apresentava às segundas feiras a sua Mesa Redonda onde participavam o Corinhiano José Italiano, a garganta de aço, o Palmeirense Milton Peruzzi, o Santista Peirão de Castro, Roberto Petri e o irascível, na época, Dalmo Pessoa (Foto).
Neste programa começou sua carreira na Televisão Carlos Alberto dos Santos Galvão Bueno com pouco mais de 20 anos de idade, um jovem promissor. Por coincidência nesse mesmo programa tive a oportunidade de ver o radialista pelotense Elias Soares que se apresentava como expert em futebol contando histórias de meu conhecimento. Só não foi surpresa, porque, até onde sei o Elias Soares trabalhou em quase todas as emissoras do país.
Mas o assunto, aqui, é Galvão Bueno que depois esteve na rede Record e na Bandeirantes, para finalmente suceder Luciano do Vale na Globo.
Pelo seu talento e a força da rede Globo, que passou a ter exclusividade em eventos como a Copa do Mundo e o Mundial de Fórmula Um, Galvão chegou a consagração popular e a um dos maiores salários da Televisão Brasileira.
Porque se tornou compulsório, para o telespectador sem poder de escolha, este era semanalmente massacrado de ufanismo pátrio nas transmissões comandadas por Galvão Bueno.
Por outro lado, Galvão com todo o poder emanado pela Globo, e a sua vaidade natural, incorporou uma importância sem precedentes ao ponto de deixar de relatar o evento para fazer parte do acontecimento.
Nas transmissões dos jogos da Seleção Brasileira a Globo não apenas faz a cobertura jornalística, privilegiada é um apêndice da estratégia da CBF e Galvão Bueno manipula os ídolos mais nos interesses da empresa do que da própria programação da Seleção Brasileira e a sua interatividade com a torcida brasileira.
Sendo a CBF um órgão mais político do que técnico administrativo, submeteu-se muitas vezes ao oba-oba da Globo e Galvão que se confundem, em prejuízo de uma gestão eficiente que poderia evitar fracassos como o Mundial da Alemanha.
É certo que na hora do fracasso a Globo e Galvão não assumem a parcela da culpa.
Não é diferente na cobertura da Fórmula Um. As manhãs de domingo na trajetória vitoriosa de Nelson Piquet e Airton Senna transformavam os lares brasileiros em verdadeiras manifestações de civismo antes do churrasco com a família.
Tudo culminou com a morte de Airton que se constituiu numa comoção nacional também com a participação de Galvão Bueno. Hoje é Massa o depositário das esperanças de um novo ídolo, porque Barrichello apesar do Galvão Bueno não consegue emplacar.
Na minha opinião, Galvão Bueno, ótimo comunicador, trata-se de um ansioso, aflito: faz a pergunta, responde antes do entrevistado, e completa depois da resposta; não se contenta em dar a notícia, ele tem que fazer parte dela, entra para dentro do fato e sobressai muitas vezes ao próprio; tem extrema necessidade de dar destaque a fatos corriqueiros e, não contente em narrar as performances dos ídolos, expõe a gravidez das mulheres e particularidades de sua família.
Não poucas vezes Galvão Bueno é vaiado, hostilizado e até agredido o que é condenável. Particularmente com as opções da TV fechada procuro distância do Galvão pra não me estressar. Convenhamos, com todo o respeito... Galvão Bueno é um chato.