O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

13 de out. de 2009

L'OSSERVATTORE PIANÍSSIMO

Ouvindo Ella Fitzgerald
Com fotos nem tão antigas assim
Carlos Eduardo Behrensdorf
Imagem: acervo prof.Carlos Santos/Memória de Pelotas
Comecei a arrumar meus panos de bunda para a viagem de volta a Brasília, DF, Pelotas, RS, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E como sempre ocorre, perco mais tempo olhando as coisas que tenho por aqui porque as trouxe daí.

É uma ótima maneira de me aproximar dos que estão longe fisicamente, distância que a TAP resolve, mas que o telefone, o e-mail e as fotografias quebram o galho. As boas lembranças fazem o resto.

Tive frouxos de riso vendo fotos. É isso o que ocorre quando se tenta organizar álbuns de fotografias. As figuras ganham vida, há um pouco de música vinda não sei de onde e na cabeça da gente começam a rodar vários filmes que nos fazem rir, suspirar e até mesmo deixar rolar “... uma furtiva lágrima”.

As fotos digitais vieram para ficar, embora muitas delas sejam fotos sem fatos. Não me levem a sério, é apenas uma frescurinha jornalística, só um jogo de palavras para não perder o treino.

Ainda não sei usar o scanner. E diante da tecnologia cada vez mais veloz e avançada penso, olhando as paredes grossas do apartamento da Via Giambattista Vico e que, em breve, perderá as cores, a magia das pessoas e cenários reproduzidos “à antiga”.

As fotos “antigas” perdem em nitidez para as digitalizadas. Para mim as velhas fotos, tanto em preto e branco como em cores – algumas delas desbotadas – ganham força e revivem um calor de coisa vivida na sensibilidade tátil de todos nós.

“Pegar nas fotos” é como se pudéssemos abraçar aqueles que nelas estão. E quem disse que não podemos? A materialização das boas lembranças não é guardada apenas em algum lugar ou do cérebro, ou do coração, ou em qualquer recanto da nossa estrutura de vida tanto mental como corpórea.

As velhas fotos aí e aqui estão para provar o que digo. A lembrança e o calor dos bons momentos caminham juntos.

Acho que é por isso que resisto eu, resistes tu, resiste ele, resistimos nós, e não sei se eles resistem. Mas isto não é questão para ser conjugada agora.

Voltarão à pauta dos trabalhos nos escritórios de sempre: Carpe Diem, Pontão do Lago, Academia de Tênis antes ou depois do filme, Piantella, Xique-Xique, qualquer loja ou café de quadra. Café Aquário, Rua Quinze, Bavária, Lobão, Vila Real, Cruz de Malta, Garcia & Rodrigues, Fiorentina, Marisqueira, Amarelinho, Lidador, Alcazar, esquinas, ruas e quadras da gloriosa Pindorama.

Há boas comemorações vindo por aí: os 50 anos de Brasília, os 200 anos de Pelotas, Copa do Mundo e Olimpíada. Festa é festa.

Juntar lembranças e molhar o vasinho da esperança não faz mal a ninguém.
(Carlos Eduardo Behrensdorf, Roma, outubro 2009)