O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

18 de out. de 2009

LULA QUER FAZER FHC DE ESCADA

No tempo em que Brizola falava, antes de fazer as pazes com Lula, o caudilho de São Borja chamava seu tradicional adversário de "sapo barbudo". Toda vez que Lula abria a boca, Brizola dizia que prestava atenção no que ele "coaxava".

Macaco velho e teimoso, Leonel de Moura metia a mão em cumbuca, mas deixava sempre um pé atrás antes de amarrar seu cavalo. Então arregalava olhos e ouvidos para os gargarejos luláticos, pois sabia que por qualquer descuido poderia dar zebra na cabeça.

Brizola se foi. Lula aí está. Então preste atenção quando ele rouqueja porque não prega prego sem estopa. Agora mesmo, no tríduo circense que fez lá pelas barrancas do Velho Chico, roncou e não mandou roncar: "Agora somos nós contra eles. Eu gostaria de uma eleição plebiscitária".

Pois Lula grasnou alto e bom som uma coisa e - só para brizolar - "coaxou" um pouco mais na surdina e nas entrelinhas das margens plácidas franciscanas: - Sou eu contra o FHC.

Como Dilma Roucheffe emPACou e fica patinando nos 40% de rejeição a sua pessoa não-comum; como Ciro Gomes faz ouvidos de mercador pra pegar o boné e sair de fininho para disputar o governo de São Paulo; como Marina Morena se pintou de Verde e tá virando um elefante que incomoda muita gente, Lula já dá o pulo do sapo e, provalecido, quer polarizar a eleição de 2010 só entre ele e FHC - um senhor que já atingiu a melhoridade e está fora dos holofotes que brilham a cada segundo sobre Lula, mas não acendem o poste que ele resolveu fazer presidente da sua república.

Pode até que não surja nenhum dossiê no meio desse mato sem cachorro, mas que ninguém se espante se o Ministério da Verdade, a sagrada mesquista da Agência Senado, a co-irmã Brasil da Silva e os meios, veículos e trampolins de comunicação e marketing dos organismos vinculados ao governo passem a distribuir releases, peças e sugestões de pauta para requentar a era de privatizações e entreguismo dos dois governos FHC.

É um tempo e uma atitude que não devem ser esquecidos por nenhum brasileiro que se preze, nem precisa ser petista para chegar a esse ponto, mas o lamentável desse novo pulo do gato - epa! Sapo. - é que ele vem impulsionado pela esperteza, marca registrada desses nossos dias - e pelo provalecimento. É a reprise pura e simples daquele velho filme que a gente já cansou de ver: o superstar fazendo o coadjuvante de "escada". Quer dizer, o mocinho e o cocô do cavalo do bandido em confronto direto.

O melhor desse espetáculo é que, com vilões de sobra, o mocinho vai acabar ficando com a mocinha. Bem mais cedo do que mais tarde, por ela será traído. O pior é que essas grandes produções nunca têm um final feliz para o brasileiro, mulato izoneiro que nem sempre consegue ser politicamente correto. Mas isso já é outro filme, do gênero mistério. E no fim, o mordomo é o culpado.