O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

19 de jan. de 2011

Bola pra frente que atrás vem gente!

O Brasil está se esvaindo em lama. A região Serrana do Rio de Janeiro necessita ser reconstruída. Há cidades que precisam, mais do que isso, precisam ser criadas. Construídas a partir do marco-zero que, se espera, seja localizado em área de plena segurança, ao invés de alto risco.

Nunca nesse país Minas Gerais foi um estado tão precário. Tem hoje 84 cidades em estado de calamidade pública. Muitas precisam de reconstrução, outras tantas de refundação e algumas necessitam ser construídas a partir de mais um marco-zero, um lugar seguro e tranquilo que as correntezas não levem pelas encostas abaixo.

A Grande São Paulo nada em aflição pelas corredeiras do Tietê que a "força das chuvas"  faz transbordar. enquanto suas cidades circunvizinhas bóiam na desesperança que se transforma em aflição, medo e desolação... Outro marco-zero, sabe-se lá para quando.

Um pouco mais pra lá, 37% do Maranhão está em área de risco. Nada menos de 82 municípios do Estado estão localizados em áreas de risco e podem sofrer inundações ou deslizamentos de terra com o aumento do volume de chuvas, a partir do próximo mês. Mais uma crônica de tragédia anunciada.

Faça uma relação - ainda que de memória, antes que tudo caia no esquecimento como Angra dos Reis já caiu - e procure saber, só em moeda sonante, sem considerar o abalo moral e o sismo de grau incalculável pela Escala Richter que demoliu famílias e soterrou pessoas, quanto custarão as obras de reconstrução do que restou e por quanto sairá a construção de cada cidade nova.

Se nada, nem ninguém lhe apresentou até agora dados concretos e exatos sobre os custos dessa empreitada social que sacudiu toda a nação, lembre-se que o Brasil é o País do Futebol. Tropical, bonito por natureza e abençoado por Deus.

Então, com chuva ou com sol, ponha uma cartola na cabeça e tire de lá, quantos coelhos você quiser. Realize um milagre brasileiro: pegue - como base de cálculo - uma dúzia de cidades grandes, de preferência, capitais. Estime um boa cobertura em torno de um área de 120m de comprimento por 90m de largura. Coisa boa, bem feita, segura, capaz de acomodar pessoas com conforto e bem-estar. Se a área já existir, reforme; se é novidade, construa.

Se você tem dificuldade para eleger esses enormes objetos de desejo, apele para a CBF - parceira da Fifa - que ela lhe dará as melhores informações e as mais brilhantes idéias a respeito de reformas, construções e valores estimativos.

De minha parte, fiquei apenas com a relação de cidades-sede da Copa de 2014 e com a prospecção dos custos de uma reforma e a estimativa de valores para uma obra de construção. Depois o que fiz foi só calcular proporcional e comedidamente os gastos necessários.

Pronto, sabe-se que, assim por baixo e pra início de conversa, 12 capitais brasileiras erguerão e reerguerão estádios pela módica quantia de pelo menos R$ 9 bilhões. Que podem ser 10 ou 20, no Brasil a gente nunca sabe o que acontece com esses pequenos errinhos de cálculo que vem a público.

Então, vamos às 12 cidades mais importantes da História do Brasil que estão para serem restauradas ou simplesmente construídas, por ordem alfabética: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

E passemos, então de pronto, às projeções iniciais das devidas e respectivas obras de reforma ou de construção:

Belo Horizonte - Mineirão, capacidade: 70.000 pessoas. Reforma: R$ 850 mil / Brasília - Estádio Nacional de Brasília, capacidade: 70.000 pessoas. Construção: R$ 1 bilhão / Cuiabá - Estádio Verdão, capacidade: 45.000. Construção: R$ 650 mil / Curitiba - Estádio Arena da Baixada, capacidade: 41.000. Reforma: R$ 600 mil / Fortaleza - Estádio Castelão, capacidade: 66.700 pessoas. Reforma: R$ 800 mil / Manaus - Estádio Arena Amazônica, Capacidade: 42.000 pessoas. Construção: R$ 600 mil / Natal - Estádio Arena das Dunas, capacidade: 45.000 pessoas. Construção: R$ 650 mil / Porto Alegre - Estádio Beira-Rio, capacidade: 62.000 pessoas. Reforma: R$ 900 mil / Recife - Estádio Arena Pernambuco, capacidade: 46.000 pessoas. Construção: R$ 700 mil / Rio de Janeiro - Estádio Maracanã, capacidade: 76.000 pessoas. Reforma: R$ 1 bi / Salvador - Estádio da Fonte Nova, capacidade: 55.000 pessoas. Construção: R$ 800 mil / São Paulo - Estádio do Corinthians, capacidade: 65.000 pessoas. Construção: R$ 900 mil.

Nessas contas não entram um trem-bala, obras de infraestrutura, linhas urbanas de acesso aos locais mexidos e remexidos, reformulação de aeroportos que precisam ser muito mais áreas de pouso e decolagem do que requintados aeroshoppings. Nem tente projetar isso agora, porque a imaginação não tem preço. Fique por aqui mesmo.

Por ora, louvemos agradecidos o esforço e a presteza do governo Dilma em conseguir um adiantamento de R$ 850 milhões para reerguer a região Serrana do Rio de Janeiro soterrada pelas águas da chuva desse início de 2011. Louvável iniciativa da presidenta do Brasil. O valor, no entanto, é menos de 10% do que vai custar a roupagem para a Copa de 2014.

Infelizmente, os 12 estádios não abrigarão os desvalidos das enchentes, as vítimas "das chuvas". Mas, servirão para abrigar as mais fortes emoções de alegria desse Brasil grande e tão feliz que, mais do que nunca será o País do Futebol. Bola pra frente que atrás vem gente!