O Governo Invisível é aquele que manda nos tres Poderes constituídos da República. Quando o Supremo Tribunal Federal abriu mão do voto de Minerva na hora de extraditar o criminoso italiano Cesare Battisti e transferiu a decisão para Lula, todo mundo ficou sabendo quem é que pode e quem é que se sacode no Brasil.
Hoje, as páginas políticas dos jornais brasileiros tem cores de cadernos de polícia. Mais que manchetes, as chamadas são uma ameaça pública e notória que os desavisados nem chegam a perceber:
STF deve manter Battisti no País.
E os sutiãs da matéria desnudam a realidade:
Ministros da corte lembram que foi o STF quem decidiu que a última palavra caberia ao presidente da República.
O striptease do noticiário traz no seu erotismo bandalho nada mais, nada menos, do que o testículo básico da Constituição-Cidadã de 1988.
Para entender o desavergonhamento oficial que se perpetra, basta passar os olhos no seu Capítulo III, que trata do Poder Judiciário, Seção II, do Supremo Tribunal Federal.
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Parágrafo Único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual;
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membors do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República...
E pode-se parar por aí. Quem não entendeu até agora, por quê o STF deve manter Cesare Battisti no País, acredita em Papai Noel e deve ter tido mais um Natal "extraordinário".
O Governo Invisível tem nome, sobrenome, está relaxando e gozando nas costas do STF; engolindo a massa e balançando a pança do Senado e da Câmara que, juntos, configuram a grande casa de tolerância política do Brasil.
Nesse País, enquanto o lobo mau tiver poder de convencimento para fazer as ovelhas aceitarem convites para os seus banquetes, a fábula nunca terá final feliz. Será apenas mais um conto tragicômico que no fim não tem nem moral da história.