O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

14 de jan. de 2011

O PIOR HAITI É AQUI

Reprodução/AE
EXTRA, EXTRA! - Sérgio Cabral já confirmou com cara apocalíptica e voz embargada: vai neste sábado a Nova Friburgo. Fazer o quê? Diga, fazer o quê?!? Fique sentado na cadeira que lhe dá o poder de governo e coordene logo e com toda a urgência a reconstrução das cidades destruídas, que é o melhor que um bom governante pode e deve proceder nessas horas. Fique sentado no seu palácio governamental e garanta o reinício da história de vida da população da região Serrana, profundamente abalada. Faça agora o que não fez ainda por Angra dos Reis. E deixe de lado, de uma vez por todas, sua campanha para vice de Lula em 2014. Essa não é a hora.

Stuckert/PR
O DESCOBRIDOR - Em meio aos escombros, Cabral descobriu de novo a pólvora: a natureza e a "ocupação irresponsáel das áreas de risco" tem toda culpa pela tragédia que abalou a região Serrana do Rio de Janeiro. Joga, assim a responsabilidade para cima dos ombros dos prefeitos e da população pobre e rica da região. Divinamente, ele se exclui desse quadro de horror, sem prestar qualquer conta do que deixou de ser feito pelo seu governo com os "milhões de reais em ajuda humanitária" que diz ter recebido de Lula para obras de prevenção às desgraças naturais que não foram realizadas por sua Defesa Civil.
Reprodução
DESMEMORIADOS - Quem já esqueceu Angra dos Reis, logo esquecerá a região Serrana. Talvez não decorra nem um ano para que a memória apague essa tragédia, da mesma maneira como foi deletada lembrança sobre a verba de R$ 30 milhões prometida para a reconstrução de Angra.

ESTATÍSTICAS  - A cada dia se divulga uma estatística parcial dos mortos nas cidades devastadas da região Serrana. Os 500 mortos de uma hora atrás, são agora mais de 600. É desconhecido e incalculável o número de desaparecidos, ilhados, mortos e soterrados que a hecatombe e o caos ainda escondem.
Reprodução

O RIO E O RESTO - A dimensão da calamidade no Rio soterrou também as imagens das tragédias que desabaram sobre São Paulo - capital e interior, Minas Gerais, Belo Horizonte e cercanias; Goiás, Acre, Piauí... O Brasil está se desmanchando. A Defesa Civil não age, apenas reage. Quando muito. Nenhum palácio de governo desmoronou até agora. Isso é que é defesa civil.

ÁREA DE RISCO - Dilma, Cabral, governantes e seus governichos em geral só falam em "áreas de risco". O que é área de risco, afinal? Em Brasília, por exemplo, ou mau exemplo, cada metro quadrado da Esplanada dos Ministérios - com a Praça dos Tres Poderes e as torres gemeas do Congresso Nacional - é uma área de risco; de risco enorme, inimaginável.

Reprodução/Dida Sampaio

Nos estados da Federação, os palácios de governo são áreas de risco; nas cidades, cada organismo de prefeitura é área de risco. Ali todos vivem nas encostas, uns dos outros.

Área de risco é cada político no exercício do poder, com seu desleixo, sua incapacidade, sua insensibilidade, desqualificação, seu despreparo para o cargo que ocupa e que alcançou sem submeter-se a qualquer teste de aptidão.

O Brasil é uma ilha cercada de áreas de grandes riscos. Naturais e sobrenaturais. O Brasil desmorona, de Norte a Sul, de fio a pavio, mas quem o desmancha são os governos e os poderosos que se adonaram da nação e do País. O Haiti é aqui. O pior Haiti.

 Stuckert/PR

TRAGÉDIA PERMANENTE - Outra tragédia na qual ninguém mais fala é a morte paulatina dos aposentados que ganham mais de um salário mínimo. Eles despencam - sucumbem em penca - sob o peso do fator previdenciário. Nesta sexta-feira mesmo, depois da revoada de menos de uma hora sobre a região Serrana do Rio, a primeira-presidenta se reuniu com os seus ministros, em Brasília. Lá, Mantega escorregou de novo sobre os trabalhadores brasileiros que lutam para sobreviver com o salário mínimo que os profetas do Apocalipse, magnânimos e salvadores da pátria, resolveram aumentar de R$ 540 para notáveis e perdulários R$ 545.