Lula que já tem computadores ligados diretamente a Palocci e telefone via satélite com Dilma, já começou a estruturar a transformação do seu Instituto Cidadania em uma entidade com cara de ONG, mas com banca de governo paralelo. Bem como ele fez em 1990 com o Cidadania quando levou aquela lavada de Fernandinho Beira-Collor.
A coisa começa bem. Osvaldo Borges, um dos aloprados, vai ajudar a financiar esse futuro escritório de Lula. Outro que está na boca é o ex-presidente do Sebrae e ex-tesoureiro de campanhas do PT Paulo Okamotto. Ele já anda à cata de, digamos, financiadores para o instituto que o desempregado - mas muito bem aposentado - Lula da Silva mandou recriar.
Meio papa do novo estado independente, Okamotto aparece na janela para dizer que enquanto não define o formato da nova entidade superior, Lula vai usar as estruturas física e jurídica do Instituto Cidadania velho de guerra, que sobrevive graças à bondade extrema e desinteressada de um grupo que é coisa assim de 30 sócios.
Dentre esses denodados participantes se pode encontrar o próprio dadivoso Okamoto, o deputadíssimo Arlindo Chinaglia, a ex-assessora especial da Presidência Clara Ant, o deputado e ex-tesoureiro de campanhas José de Filippi Jr. e o ex-secretário do Ministério do Trabalho Osvaldo Bargas. É o governo invisível dos Ex; porto seguro dos que já foram, mas não afundaram.
Bargas - pra seu governo - foi um dos pomos de Adão no caso da maçã envenenada que quase deixou o rei nu. Aquele achaque num apartamento que ficou conhecido como o escândalo dos aloprados, codinome posto pelo próprio Lula para identificar petistas que foram presos em um hotel em São Paulo, tentando comprar um dossiê para beliscar tucanos na eleição de 2006.
Bargas seria o intermediador de uma entrevista a respeito do que continha o tal dossiê, que detonou uma crise de imoralidade política. Quatro anos já se foram e nenhum dos aloprados foi punido ou denuniado e nem o dossiê foi sequer chamado de banco de dados.
O novo escritório de Lula - seja lá chamado de Cidadania ou de Governo Invisível - está na praça. Mãos abertas e braços estendidos a tantos quantos queiram colaborar a fundo perdido com mais essa novel organização não governamental. Se você não sabe, o Instituto Cidadania engendrou para o governo do PT o programa Fome Zero, que não saiu do marco inicial e acabou sendo engolido pelo Bolsa Famiglia.
Clara Ant/Div.
A ex-primeira-dama Marisa Letícia, terá sua sala no local que está sob reformas. Um cantinho para entrar muda e sair calada. E além de Lula os ex Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), Luiz Dulci (Secretaria Geral), Okamoto e Clara, também terão seus gabinetes especiais para promover, no paralelo, as mudanças que o Brasil precisa.
As mudanças que, em oito anos de governo, Lula poderia ter promovido e não promoveu. Agora, num instituto oficioso, mais para pensar do que para fazer, vai ser mais fácil construir o Brasil que esse pessoal sempre sonhou. Sonhou e continua sonhando tanto que não se deu chance de acordar a tempo de fazer do sonho uma realidade.
Em suma, se o governo Dilma não tiver apetite suficiente para alimentar a verdadeira fome de mudanças dos brasileiros, o governo invisível o engole por debaixo dos panos e, em 2014, põe tudo em pratos limpos.