Moisés Pereira
De Porto Alegre
Mário Sérgio é novo técnico do Internacional em substituição a Tite que rescindiu ontem o seu contrato. Mário é da minha geração. Foi um jogador extraordinário. Começou no Vitória da Bahia em 71 e, mercê de sua técnica diferenciada jogou nos principais times do País.
No Sul jogou no Inter em 1979, vindo do Rosário Central da Argentina e foi campeão brasileiro invicto. No Grêmio foi campeão mundial em 1983. A partir de 1987 foi comentarista esportivo e treinador eventual sem maiores destaques.
Quando o Grêmio caiu para a segunda divisão trouxe Mário Sérgio como diretor onde e quando fez um bom trabalho, embora sem recursos. Seu legado foi a renovação do contrato de Anderson, hoje jogador do Manchester United de Londres.
Porque é um profissional determinado foi de madrugada ao Bairro Rubem Berta, em Porto Alegre convencer a mãe do garoto sobre a pertinência de sua contratação pelo Grêmio. Ganharam todos.
A direção do Inter muda de rumo quase ao final do campeonato e aposta em Mário Sérgio para salvar o ano do Centenário. E a mudança é radical.
Ninguém é menos Tite do que Mário Sérgio, nem menos Mário Sérgio do que Tite. Enquanto o treinador demitido é um gentleman, fina educação, emotivo, quase pastoral, tendo inclusive ficado marcado no Grêmio pelo episódio das ovelhinhas, Mário Sérgio e exatamente o contrário.
Como jogador foi rebelde, malandro, contestador de cabelos longos na década de 70, quase um “Bad boy”. É difícil fugir da metáfora, Tite é o genro que todo sogro sonha para casar com a sua filha. E Mário seria o genro maldito.
Acontece que o casamento de 16 meses que o Presidente Pífero não queria em abril de 2008 esgotou-se e o barco começou a afundar. Nessa hora muda-se o perfil do eleito troca-se a convicção pela aposta e o que era para ser "para sempre” é só por dois meses, mandato tampão como já ouvi falar.
“Futebol tem disso” era o título de um comentário que o Sérgio Siqueira assinava em 1947 mais ou menos, num órgão de imprensa em Pelotas. Nada mais apropriado a este momento vermelho.
Vai dar certo? Não sei, o que sei é que o volume de apostas no Hipódromo do Cristal vai crescer, já a partir das corridas noturnas nesta quinta feira.
RODAPÉ - Há um erro histórico de 20 anos no texto de Moisés Pereira. A coluna "Futebol Tem Disso" era editada em 1967, ano da aposentadoria compulsória de Moisés como um dos líderes do velho e bom Banco do Brasil, dos tempos de Nestor Jost. Quanto ao título do Bola Genérica de hoje, o susto foi grande: houve quem penssasse até que um dos Genros poderia ser o Tarso que não faz falta a Lula do Brasil na Justiça.