O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

6 de jul. de 2009

L'OSSERVATTORE PIANÍSSIMO

Nossa vizinhança romana

Via Flamínia

A Via Flamínia foi construída pelo cônsul Caio Flamínia cerca do ano 220 a.C.
Restaurada e ampliada durante o governo dos imperadores Augusto e Adriano, na Idade Média tornou-se conhecida por Via Ravannana, por passar pela cidade de Ravenna, ligando Roma com os domínios da Igreja no Lácio, Úmbria, Marche e Romagna. Vista da Piazza del Popolo

A Piazza del Popolo, a Praça do Povo, é um exemplo da alternância arquitetônica, comum em Roma, decorrente das intervenções dos papas determinando modificações em prédios, ruas e estradas.
A igreja de Santa Maria del Popolo, ao lado da porta, foi eguida no século XI no local onde Nero morreu e foi sepultado. Inicialmente renascentista, restaurada por Bernini, ganhou expressão barroca que permanece até hoje.

A igreja acolhe obras artísticas de Caravaggio, a Conversão de São Paulo e a Crucificação de São Pedro, bem como afrescos de Pinturicchio e A Assunção, de Annibale Carracci.
No campo da arquitetura, está patente a marca de Rafael e de Bramante, e algumas esculturas de Andrea Bregno e de Gian Lorenzo Bernini, como o magnífico órgão sobre dois anjos em bronze.

Está no centro da praça o obelisco Flaminio de 24 metros, construído no templo dos faraós Ramsés II e Mineptah (1232-1220 a.C.), levado para Roma por Augusto e anteriormente colocado no Circo Máximo. As duas igrejas gêmeas, Santa Maria in Montesanto (1675) e Santa Maria dei Miracoli (1678) são simétricas e constituem os dois pólos do Tridente, formado pela Via del Corso, Via del Babuino e

Via di Ripetta.

A praça é decorada com fontes e estátuas área dos pendentes do Monte Pincio, relacionando a Piazza del Popolo e as Sete Colinas., terminando em 1834. Atualmente, a Piazza del Popolo é uma área para pedestres e local de eventos públicos e grandes manifestações.

A Via di Ripetta foi construída sobre uma antiga via romana vicinal à Via Flamínia, e que hoje tem como ponto de partida a Piazza del Popolo. À sua direita está o rio Tibre e à esquerda o Mausoléu de Augusto. A antiga via foi construída no ano 29 a.C. quando da construção do mausoléu.

A Via di Ripetta inicialmente se chamava Via Leonina, como referência ao Papa Leão X, da Família Médici. Este papa em 1510 instituiu pesados tributos, inclusive, cobrando altas taxas das prostitutas que faziam o “trottoir” em muitas das ruas romanas.

Via del Corso

Via del Corso é a rua principal que atravessa o Centro Histórico de Roma, em linha reta, cortando as ruas estreitas e becos que se ligam à pequenas piazzas. Mesmo assim suas calçadas são estreitas e a pista também, pois há trechos para o trânsito de veículos em dois sentidos. Em toda extensão há comercio, palácios igrejas e museus. A Via del Corso tem 1,5 quilometro e inicia ao Norte, na Piazza del Popolo, indo até a PiazzaVenezia, ao Sul. (Via del Corso, vista do Altar da Pátria).

Nápoles

Estandartes
Chego a pensar que Orestes Barbosa quando escreveu o trecho “... nossas roupas comuns dependuradas, na corda qual bandeiras agitadas...” do clássico “Chão de Estrelas” se inspirou em Nápoles. Algumas das ruelas fazem uma verdadeira exposição da calças, calcinhas e calções, camisas, camisinhas e camisões, sem falar em blusas, toalhas, lençóis e não sei mais o quê das mais variadas cores. Os panos napolitanos drapejam com se fossem estandartes medievais. Capital alguma tem um trânsito tão amigavelmente barulhento, confuso, aparentemente sem preferencial e, ainda assim, dando vez aos pedestres. Ao atravessar uma rua em obras, penso que sou um trapezista saltando sem rede.

Napolitanos
A rua é estreita e se chama Santa Sofia. Nós, passageiros de um táxi que rodava com a velocidade entre oito e dez quilômetros.
Tudo bem.
Em um determinado trecho, uma velhinha daquelas gorduchas, de cinema, lavava e varria a frente do prédio. O carro passou e, mesmo devagar, virou uma lata d’água. A velhinha deu a maior vassourada no carro. Grito pra lá, grito pra cá, a mulher continuou lavando e varrendo e o táxi lá se foi aos trancos e barrancos num legítimo beco quase sem saída. Apesar do contratempo, entre mortos e feridos todos os passageiros – inclusive o motorista – chegaram são e salvos a Catedral de San Genaro.

Crença

A cidade mostra como atração a Catedral, que abriga relíquias do mártir San Genaro. Lá está a cabeça do santo dentro de um busto prateado e também, num cofre, guardam os frascos com o sangue que se liquefaz três vezes por ano.
Os fiéis esperam com ansiedade o primeiro domingo de maio, 19 de setembro, e 16 de dezembro. Se o sangue se liquefaz, haverá dias de vinhos e rosas, se nada ocorrer, a barra pode ficar pesada.
Foi o que nos disseram.

Vesúvio

Olhar o golfo de Nápoles é um colírio.
De vez em quando, a imagem do Vesúvio assusta um pouco a quem é marinheiro de primeira viagem.

A montanha parece um gigante esclerosado e mau-humorado, que poderá cuspir fogo se ficar irritado. (Nápoles 2008)

Pompéia

Recomendação para quem visitar Pompéia: pesquise, converse com um amigo viajado ou, preferencialmente, um professor de história. Depois, junte os trocados, vá em frente e veja ao vivo e a cores.
A cidade é esplendorosamente bonita. Tudo é palpitante.
Os turistas ouvem seus guias com atenção.
Os japoneses, por alguns momentos, esquecem as máquinas digitais.
O chamado Jardim dos Fugitivos nos deixa boquiabertos e confusos.

Pompéia merece, pelo menos, oito ou dez horas de olhares e caminhadas atentas.
Depois, leitura, muita leitura.
Ainda não foi desta vez que consegui ficar o tempo necessário.
Há detalhes que chamam a atenção e fazem pensar. Uma das ruas tem uma sinalização, marco de um sistema para orientar a passagem de pedestres.
E prédios públicos, templos, termas, padarias, fornos, moinhos, alojamentos e mansões. Uma das ruas tem, na esquina, a cantina ou um bar daquela época, com duas portas e uma mesinha onde a boêmia da época, ao que tudo indica, enchia o pote. Na outra esquina, na ponta da rua, o endereço dos encontros, um “rendez-vous” na casa 39. Os “casais” se encontravam no precursor dos atuais e atuantes motéis. Os quartos são pequenos.

Nas paredes, afrescos eróticos, uma espécie de mini Kama-Sutra.
Constatação in loco: nada mudou nos chamados jogos amorosos.

Mais adiante, na Via Stabiana, casa 52, um bordel para os pecadores. Este é mais espaçoso com dez camas em dois andares. As casas para homens e mulheres de vida airosa ficavam em ruas secundárias. Sabe como são os vizinhos... (Carlos Eduardo Behrensdorf - Pompéia 2008)