De Roma - Carlos Eduardo Behrensdorf
Em setembro de 2008, em Latina, cidade próxima a Roma reuniu-se um grupo de quinze prefeitos e assessores para assuntos culturais para assinar um termo de compromisso. Neste compromisso, protocolo ou carta, todos se comprometeram a trabalhar pela valorização do patrimônio arquitetônico e ambiental das cidades italianas de fundação. Na Itália, “cidades de fundação” é a denominação que identifica “... um projeto urbano implantado em território virgem ou quase”.
Em setembro de 2008, em Latina, cidade próxima a Roma reuniu-se um grupo de quinze prefeitos e assessores para assuntos culturais para assinar um termo de compromisso. Neste compromisso, protocolo ou carta, todos se comprometeram a trabalhar pela valorização do patrimônio arquitetônico e ambiental das cidades italianas de fundação. Na Itália, “cidades de fundação” é a denominação que identifica “... um projeto urbano implantado em território virgem ou quase”.
Em princípio, nada demais em se tratando de prefeitos em reunião para cuidar dos interesses de suas comunas. Numa pequena sala da administração regional couberam, entre outros, os prefeitos das cidades de Aprilia, Foggia, Pontínia, Pedrappio e Sabaudia. Até aí, nada que chamasse atenção dos chamados “grandes jornais”.
Mesmo assim, o jornalista Philippe Ridet, do francês Le Monde, foi a Latina para cobrir a reunião anunciada para analisar a situação das chamadas “cidades de fundação”.
Falando claramente, constam do compromisso ou Protocolo de Latina as cidades fundadas ou reestruturadas por Benito Mussolini (1883-1945) durante o período do "Ventenio" fascista, ou seja, os vinte anos (1922-1943) durante a qual o "Duce" comandou a Itália.
Quem pesquisa este tema concorda com o repórter do Le Monde que disse serem essas cidades ao mesmo tempo “... o orgulho e o calvário desses prefeitos, eleitos, sejam eles de direita ou de esquerda”.Um levantamento feito pelo escritor Giovanni Pennachi num livro intitulado "Viaggio per le città del Duce" (Viagem pelas cidades do Duce), editora Laterza, identifica um total de 143 delas. E sobre elas o rótulo de serem “a representação arquitetônica da ordem fascista”, com as suas largas avenidas que conduzem até a sede da prefeitura, a igreja, o quartel e até uma "casa del fascio" (uma das sedes políticas do fascismo).
No atual governo que tem Silvio Berlusconi como primeiro ministro, as chamadas lideranças de esquerda vêem a libera
ção de recursos para essas comunas como uma evidência para reabilitar o fascismo, por meio da reforma das cidades construídas durante o regime de Mussolini. No entanto, há quem veja nas "città di fondazione" do período fascista um exemplo de uma arquitetura moderna e ambiciosa. Os entendidos no assunto registram que, em verdade, seus planejadores tentaram construir uma ponte entre a Roma antiga e as contribuições do Bauhaus.
ção de recursos para essas comunas como uma evidência para reabilitar o fascismo, por meio da reforma das cidades construídas durante o regime de Mussolini. No entanto, há quem veja nas "città di fondazione" do período fascista um exemplo de uma arquitetura moderna e ambiciosa. Os entendidos no assunto registram que, em verdade, seus planejadores tentaram construir uma ponte entre a Roma antiga e as contribuições do Bauhaus. Esta seria a melhor maneira de evitar as influências do Renascimento e do Barroco, períodos estes que o Duce considerava como “decadentes”. E para isso, os arquitetos lançaram mão da simplificação das linhas, inspiraram-se na arquitetura da Antiguidade e buscaram racionalizar os deslocamentos.
Não há, porém, como negar que parte da população olha com bons olhos algumas medidas governamentais que indicam alguns aspectos do fascismo. Gianni Alemanno, o atual prefeito de Roma, e o Ministro da Defesa, Ignazio La Russa, integram o partido da Aliança Nacional, sem falar nos radicais da Lega Nord. Segundo os oposicionistas de esquerda ou centro esquerda, é notória a tentativa dos governantes atuais em reabilitar o fascismo.
Os meios de comunicação mostraram que a Carta de Latina não cita o no
me de Benito Mussolini. Os dois principais redatores da Carta, Giorgio Frassineti, adjunto para questões de urbanismo de Predappio (de esquerda), e Fabio Bianchi, o assessor para assuntos culturais da província de Latina (de direita) têm respostas diferentes para os questionamentos.
Frassineti, de Predappio, diz que “... a história condenou o fascismo. No momento atual, trata-se de promover u
m patrimônio arquitetônico importante, e nada mais do que disso".
Não há, porém, como negar que parte da população olha com bons olhos algumas medidas governamentais que indicam alguns aspectos do fascismo. Gianni Alemanno, o atual prefeito de Roma, e o Ministro da Defesa, Ignazio La Russa, integram o partido da Aliança Nacional, sem falar nos radicais da Lega Nord. Segundo os oposicionistas de esquerda ou centro esquerda, é notória a tentativa dos governantes atuais em reabilitar o fascismo.
Os meios de comunicação mostraram que a Carta de Latina não cita o no
me de Benito Mussolini. Os dois principais redatores da Carta, Giorgio Frassineti, adjunto para questões de urbanismo de Predappio (de esquerda), e Fabio Bianchi, o assessor para assuntos culturais da província de Latina (de direita) têm respostas diferentes para os questionamentos.Frassineti, de Predappio, diz que “... a história condenou o fascismo. No momento atual, trata-se de promover u
m patrimônio arquitetônico importante, e nada mais do que disso". Bianchi, de Latina, entende que "... a nossa maneira de enxergar o fascismo mudou, e as condições de serenidade já estão reunidas para julgar. Este regime não vivenciou apenas momentos negros".
Conclusão: “È la nave và”.
