Em pleno rolo do falecido "mensalão", há manifestações populares no Rio e em Porto Alegre contra a corrupção. Populares e policiais militares são ovacionados. Os ovos tinham gosto de protesto. Entrementes, em Brasília, Antônio Fernando de Souza, procurador-geral da República tirava de letra a prisão preventiva de Marcos Valério. Por sua vez, o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, negava o pedido de prisão de Valério, feito pela Polícia Federal. O arrazoado da PF era de que a providencial queima e destruição de documentos da agência DNA do lépido "carequinha" deixava digitais flagrantes de crime organizado.
Há exatos três gloriosos anos, a abertura de diversas frentes de investigação deixava no ar a certeza de perda total do controle das apurações. Bem do jeitinho que o governo queria. Esse mandrulho de informações roubou a atenção dos trabalhos da CPI dos Correios.
Começam a pipocar denúncias sobre o envolvimento da turma da oposição em esquemas de corrupção. Isso salta dos jornais e cai no colo da população, confundindo de vez a opinião pública. A fritura bota num mesmo caldeirão as agências de Valério e a campanha do tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas, em 1998.
Nos corredores da Casa do Polvo correm céleres os boatos sobre uma lista, com mais de uma centena de parlamentares que teriam recebido dinheiro do valerioduto. O governo faz cara de paisagem. Nega o esquema do mensalão, os crimes de corrupção, e teima que o dinheiro serviu apenas para liquidar dívidas de campanhas eleitorais. A tática do governo é jogar bosta em todas as Genís. Como lá nunca teve freira nem santo, o governo mostrou que é bom de mira. Acertou em todas.
Isso foi um pouco do que o Brasil era amanhã há exatamente três anos. De lá pra cá, nada mudou. Apenas o país se acostumou de tal forma com escândalos que até já perdeu a vergonha de roubar e poder carregar. Amanhã é 28 de julho de 2009. Só o calendário mudou. A meleca é mesma para as mesmas moscas.