Então, ontem, nenhuma surpresa. O Brasil abrigou Manuel Zelaya em Tegucigalpa. A Embaixada do Brasil serve agora de quartel general ou, é mais apropriado, de cabeça de ponte para o contragolpe do golpista do referendo para eternas reeleições.
O Brasil de Lula, em nome do valor do voto - arma perigosa na mão de falsos democratas - vai sair dessa com as mãos sujas de sangue do povo hondurenho que não vai deixar barato esse ousado desaforo. O Brasil vai sair sujo. Não os brasileiros.
O TEMOR DO DESTEMIDO
Celso Amorim, um dos ventríloquos luláticos, nega que o governo do Brasil tenha colaborado com o "surpreendente" retorno de Zelaya a Honduras. Admite, no entanto, com a sua coragem habitual, ter recebido o golpista de braços abertos. Com seus temores de sempre, imagina que pode haver uma reação belicosa contra a sua Embaixada em Tegucigalpa.
Falando como se o Brasil fosse do governo Lula e como se dono fosse da Embaixada, esqueceu de dizer que por aqui não se fez nenhum referendo para saber o que os brasileiros pensam da amizade de Lula com Zelaya - tirado do poder pelo Parlamento e pela Justiça de Honduras.
RODAPÉ - Quem, em nome da democracia e da governabilidade, anda aos abraços e queijos com Zé Sarney, Renan Calhordeiros e Fernandinho Beira-Collor, só pode acolher de braços abertos um Manuel Zelaya desses que andam por aí, encantados pelo poder de mandar nos outros.