Moisés Pereira
Foto: gov.rs
Enquanto vivemos uma semana de calmaria nos eventos esportivos e, em função do calendário, os gaúchos ocupam-se do orgulho gaudério e em plena Semana Farroupilha de grandes comemorações discute-se o que é mesmo que está sendo comemorado.
Nesta quarta-feira, a rádio Gaúcha, no programa Lauro Quadros expôs a questão e a conclusão foi de que, de fato, os gaúchos foram derrotados na Epopéia Farroupilha - mas celebram com orgulho as façanhas que servem de “modelo a toda terra”, como cita o hino, primeiro lugar nas paradas de sucesso esta semana em Porto Alegre.
A emoção é tão ardorosa que a governadora Yeda ao acender a Chama Crioula foi surpreendida por uma labareda esquivando-se para não ser atingida. Aliás, esquivar-se tem sido a tônica de sua conduta quando um processo de impeachman caminha na Assembléia e os aliados articulam-se para sepultar no primeiro rodizio de pizza que for programado.
Por outro lado, do outro lado da Praça, a Assembléia instalou a CPI da Corrupção que, dividida entre governo e oposição, não consegue avançar com aqueles exercitando táticas de obstrução que têm provocado protestos da sociedade e, estes divulgando áudios de gravações no mínimo constrangedoras para figuras próximas do núcleo central do governo e relevantes na política gaúcha e nacional..
É interessante observar o comportamento dos segmentos políticos nesses episódios que envolvem investigação. Em nome de uma posição política pontual, independentemente de ideologias e programações partidárias os parlamentares esquecem o compromisso com a ética e a realidade comprometedora para os interesses coletivos e se distanciam dos anseios da população.
Da série de gravações ouvidas na CPI da Corrupção e, embora muitas requentadas, causam espécie os diálogos entre proeminências dos representantes partidários que, após um processo de privatização dos serviços de trânsito, lotearam as atividades do Detran gaúcho substituindo um serviço que deixava a desejar - onde os vícios de décadas passadas identificava práticas condenáveis no dia a dia dos servidores .
Tristemente constata-se que houve uma simples troca de guarda. Antes eram centenas de servidores que se valiam de propinas para “facilitar” os serviços, agora dezenas de provectos senhores de colarinho branco subtraíram 44 milhões de reais do Estado numa bem urdida estratégia de fazer inveja aos grandes mafiosos do mundo.
A diferença está na semântica e nas metáforas que servem para enriquecer o vocabulário e o conhecimento do contribuinte que cada vez menos acredita na classe política..
