Vamos parar de sacanagem. Já está mais do que na hora de parar com esse regabofe que os governos que temos sofrido vêm fazendo conosco aqui no Brasil. É bom que a gente comece a falar sério sobre esse jugo cínico, irônico, hipócrita, escrachado que chamam de democracia.
Há dezenas, quem sabe até centenas, de definições sobre o que é democracia. Democracia do Brasil Da Silva é escracho totalitarista. Começa que, na contramão da liberdade individual - marca fundamental dos regimes democráticos - o eleitor brasileiro é obrigado a votar. Isso é pura contradição à essência, ao espírito, à alma democrática.
Atrás desse entulho que conspurca, mancha e fere a nossa vontade, o nosso direito de escolha, a nossa disposição soberana de ir e vir, ou de não ir nem de vir às urnas em dias de eleição está escondido o saco de autoritarismo que faz do voto o pior e o mais escuro lado da democracia. Um lado em que se omiziam, se hospedam com cinco estrelas, partidos, diretórios, conselhos, comissões, aparelhos, referendos, plebiscitos, tribunais de todos os graus eleitorais - urbanos, estaduais, federal da Silva.
Debocham da nossa cara quando nos emprestam o direito de, em sendo obrigados, não precisarmos escolher as figuras que nos impõem a cada pleito: nosso voto pode ser branco ou nulo. E assim nos enganam - que nós gostamos - e ganham o que apelidam de representatividade popular.
O voto é, no Brasil da Silva, o grande cobertor que cobre os pés-rapados dos nossos ídolos de barro que pululam em andores armados para as procissões eleitorais a que estamos, todos nós maiores de 16 anos de idade, obrigados constitucionalmente a acompanhar em nome da fé inabalável na democracia que já foi morena, no tempo em que Brizola falava e que hoje, sem frescura, daquilo que o caudilho desbibolado dizia serem "dias de sapo barbudo", é um arco-íris de engodos e armações cretinas.
Que democracia é essa, companheiro? Não queremos, não gostamos do que está sendo posto à prova, não desejamos fazer parte desse circo, então por que nos fazem de palhaço? O sarcástico Carlos Imperial dizia que "a vaia é o aplauso de quem não gosta"... Não se pode dizer o mesmo do voto nulo, nem do branco. O jeito de mostrar que não se concorda com a democracia que está aí debruçada na falsidade das urnas é não perdermos tempo, nem ombridade, indo até onde elas, indecentes, desbragueladamente nuas e cruas, se encontram a nossa in/disposição.
Nada está mais próximo de uma ditadura do que a impostura de um voto. Então, que patifaria de democracia é essa, companheiro?!? Para ser meio hondurenho hoje com essa gentalha que comanda a massa e balança a pança: - A otro perro con ese hueso!
Para não anular o dito espanhol, nem deixar que passe em brancas nuvens para os comunicadores do Ministério da Verdade de Lula do Brasil, verte-se o refrão para o português que Lula ortografou sem ler, há bem pouco: - Vá contar essa história para outro que eu não sou trouxa!
Quiuspariu! A democracia teve sua origem na crença de que, sendo os homens iguais em certo aspecto, iguais eles seriam no todo. Já é um tremendo tropeço. Mas, dizem ao correr da chamada liturgia do poder, que "a pior das democracias é melhor que a melhor das ditaduras". Outra piada infame e pornográfica desses biltres: a democracia melhor é a melhor democracia.
É bem desse jeito que os artistas principais - governo e seus circunstantes, ministros, deputados, senadores e palhaços em geral - desempenham seus papéis na arte de fazer crer que, na democracia deles, quem está atuando é o povo.
É bem assim desse jeito de jaquetão que eles outorgam, pelo instituto do voto obrigatório, o direito de cada eleitor ser o opressor de si mesmo. O que se deseja para chegar à democracia verdadeira é muito simples: que ela não seja, pela força do tirânico voto obrigatório, a consagração do vício dos canalhas de sempre colocada ao alcance de todos nós.
A continuar assim, não se arrependam e nem se espantem se, amanhã ou depois, o único remédio contra esse feitio escrachado e torpe de democracia, não sejam os soldados.