Moisés Pereira
O Deputado Ibsen Pinheiro que, além de ter chegado interinamente à Presidência da República, quando presidia a Câmara, sempre se destacou como um grande fazedor de frases e extraordinário comunicador.
Foi ele quem contou esta historinha: Tendo ido ao médico para uma consulta, este, pessoa de suas relações, não perdeu a oportunidade de mostrar a sua indignação com os recentes escândalos de nossa República e foi detonando principalmente os políticos e suas incontáveis mazelas que vão do Mensalão, passam pelo Detran/RS e afundam na Casa Alta do Congresso - o mais destacado antro de patifaria da atualidade - segundo o doutor.
Terminado o atendimento, o deputado que tudo ouviu e não discordou, perguntou ao médico o valor da consulta. A resposta foi espontânea, sem rodeios: - Com recibo ou sem recibo?
O relato, penso, não pode ser mais emblemático. Quem são os políticos senão o reflexo de nossa sociedade, assim como os empresários que sonegam e cobram propina; os fazendeiros que grilaram terras e agora se apegam ao direito de propriedade; os pregadores religiosos que sem escrúpulos arrecadam em benefício próprio; o vizinho que fez um “gato” na TV a cabo; o revendedor de automóvel que maquiou o carro semi novo; enfim, exemplos não faltam e não falo dos excluídos da sociedade que viraram marginais, falsários, assaltantes e homicidas, porque esses estão todos os dias escancarados na mídia em geral.
E não se diga que é coisa dos tupiniquins, porque isto ocorre em todas as partes do mundo. Nem estou escrevendo para justificar o injustificável apenas para constatar uma realidade que infelizmente cada vez mais somos obrigados a conviver com ela.
O último grande movimento popular nesse país que encheu de esperança o nosso povo foi quando a grande maioria “sem medo de ser feliz” adotou a estrela e elegeu o metalúrgico emergente Lula.
Todos sabemos o que aconteceu. Isto faz com que fiquemos cada vez mais decepcionados e alienados.
Ontem fiquei surpreso quando várias entidades da base popular levaram ao Congresso um pedido embasado por um milhão e trezentas mil assinaturas no sentido de que os candidatos com ficha suja se tornassem inelegíveis.
Seria a indignação voltando para as ruas?!? Eis que, se não quando, o presidente Temer com a maior cara de pau acolheu a proposta protocolarmente e na hora afirmava que a mesma terá que ser “abrandada”, ou sei lá que outro eufemismo foi usado para dizer que não vai acontecer nada com os denunciados, indiciados ou condenados em primeira instância.
Nada mais fez do que corroborar a frase do deputado Moraes, de Santa Cruz do Sul que confessou que está se lixando para a opinião pública.
Isto tudo teria que parar. Por enquanto segundo Joseph Blatter presidente da FIFA só vai parar a “paradinha” na hora da cobrança do penalti .
Pelo menos a decisões da Internacional Board são cumpridas, isto quando os árbitros não interpretam diferente.
RODAPÉ - Peralá, Moisés! Se acabarem com a "paradinha" no pênalti, têm que acabar também com a enganação genérica dos goleiros que na hora da cobrança fingem que vão para um lado e acabam se jogando para o outro.