Contra o olho eletrônico
Moisés Pereira
A Internacional Board, entidade que mundialmente disciplina as regras do futebol decidiu em sua 123ª reunião criar mais dois auxiliares elevando para 5 os responsáveis por arbitrar os 90 e poucos minutos de um jogo de futebol.
A FIFA acatou a idéia e está colocando em prática esta inovação na Liga da Europa, competição que substituiu a Copa da Uefa e iniciou esta semana.
Quando muitas discussões são realizadas sobre a utilização de recursos tecnológicos para elucidar as dúvidas tão freqüentes nas decisões dos árbitros saúdo a decisão da entidade maior do futebol como positiva.
Sempre entendi que a interferência de imagem, tira-teima ou outros recursos eletrônicos tirariam a espontaneidade e humanidade de um jogo que com mais de 100 anos mantém acesa a polêmica sobre a interpretação ou visão do árbitro e á uma covardia para aquele que carrega a pecha de “ladrão” sem maiores julgamentos num país onde os ladrões são cada vez mais prestigiados...
Não morro de amores pelos árbitros que tantas vezes prejudicaram meu time e também o favoreceram, mas defendo o direito humano de errarem quando apenas erram. Condeno os que por interesses, pressão ou condicionamentos mudam resultados. Mas não seria na arbitragem do futebol que chegaríamos a perfeição. . . “Isso reserva-se para o Senado”.
Pelas novas regras teremos mais 2 auxiliares posicionados na linha de fundo e ao lado do campo sempre opostos aos atuais bandeirinhas. E o 4º arbitro passaria a ser o sexto. E a vida continua.
Não vai resolver todas as dúvidas mas vai reduzir o campo de observação a cargo do árbitro principal que terá melhores condições e errar menos. A comunicação entre os árbitros pelo vibracall seria a contribuição da tecnologia para a arbitragem sem desumanizá-la.
A subjetividade da opinião sobre os lances do jogo vai continuar e isso é inevitável. Quantas vezes diante da mesma imagem autoridades do jogo divergem sobre um lance. Sem falar da mídia que sempre tem um olho local ou da cor da camisa que veste por baixo da roupa.
Aliás, era mais simples na década de 60 na Rádio Pelotense em Pelotas, “por supuesto” quando consagrado locutor dizia sem subterfúgios na cabine: - Bola pela lateral. . . É nossa(Pelotas) ou do Brasil ?!
RODAPÉ - Ei, Moisés, já pensou uma peladinha de fim de semana entre o Quebra-Canela e o Arranca-Toco, sem o Olho Eletrônico?!? O que seria do futebol de várzea sem as técnicas do replay; do vale a pena ver de novo; do slow motion?!? O barraco do pastel e da ceva gelada à beira do campo ia quebrar de vez...