O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

12 de set. de 2009

O ERRO DE NELSINHO PIQUET

Primeiro, duas pequenas histórias do cotidiano.

A GAVETA

Jogo valendo o título do campeonato de futsal de uma airosa cidade gaúcha. Ginásio apinhado de torcedores das duas melhores equipes do certame. O árbitro já avisara duas vezes aos dirigentes do Sol de Ouro F.C. que entrassem na quadra, para evitar a desclassificação. O treinador empurrava a preleção com a barriga, porque o goleiro titular não aparecia. Time armado, certinho, pronto para abocanhar o título e nada do goleiro aparecer. Veio o aviso final da mesa: ou entra agora, ou perde os pontos daquela segunda partida da série melhor de três. O primeiro encontro terminara empatado.

Sem alternativa, o técnico interrompeu as falas e - ainda com um olho na porta de entrada do vestiário - entregou a carteirinha nas mãos do goleiro reserva. Eufórico, o garoto logo começou a exercitar-se numa série caprichada de alongamentos. Tanto levantou e baixou o dorso que deixou escapulir um sonoro e inoportuno rugido intestinal que infestou o ambiente.

Aquilo não foi um traque, foi um rojão. Explodiu no meio da preleção do técnico que, como por milagre, viu a porta abrir-se e mostrar a figura do goleiro dono da posição e considerado o melhor de todos na competição. Não perdeu tempo. Virou-se furioso para o expelidor de gases e, tirando-lhe a identificação das mãos, repreendeu-o:

- Ah é, tu estás debochando da minha preleção?!? Estás fora, seu porcão, atrevido!

E, dirigindo-se ao goleiraço, desconsiderou seu inexplicável atraso, entregou-lhe a credencial e ordenou:

- Te farda logo. Nós já vamos entrando, enquanto você se arruma!

Coisa de uma hora mais tarde, o jogo terminava: 6x1 para o time adversário. Seis frangos incríveis do melhor goleiro do campeonato. O terceiro jogo foi zero a zero. O Sol de Ouro, foi reduzido a um mero e indesejado vice-campeão.
Uma semana depois o treinador ficou sabendo que o goleiro estava na gaveta. Por isso se atrasara propositalmente, na esperança de que ao chegar no ginásio o jogo já tivesse começado.

O goleiraço foi expulso do clube. Tentou ser contratado pelo time que o "comprara". Não conseguiu. Os diretores do clube não confiavam nele. Nunca mais jogou futsal. Foi ser pipoqueiro na frente do principal cinema da cidade.

A OUTRA

Essa teria acontecido há muitos anos, no Rio de Janeiro. É do tempo do Berro D'água. Certa sexta-feira, perto já de 11 da noite, um último casal jantava à meia luz, com inequívocos ares de que já tinham superado o uísquinho de antes e o cigarrinho do depois. Ao levar a taça de um vetusto Marquês de Riscal aos lábios, o galã deu de cara com a figura impoluta de sua esposa - uma rica dama da sociedade carioca - diante da mesa. Estupefato, encarou-a com notória surpresa. Limpou a boca com o guardanapo, levantou-se e esbravejou para a amante sentada a seu lado:

- O quê?!? Quer dizer que você não é a minha mulher?!? Fora daqui, farsante!

E, sem mais explicações, afastou-a com um movimento brusco, enfiou o braço na esposa e saiu deixando a outra para trás e a conta para depois.

NELSINHO BATEU DE FRENTE

Nelsinho Piquet deu com o carro no guard rail e agora bateu com a língua nos dentes. Danou-se. A alegação de que agiu "cum-prindo ordens" de Flávio Briatore, big boss da Re-nault é um ates-tado de burrice digno de qualquer presidente de qualquer país, com ou sem diploma. O país, ou o presidente.

Ao invés de negar peremptoriamente, como fez o galã do Berro D'Água para garantir o casamento, Nelsinho deu o serviço, entregou o ouro pros bandidos. Agora, réu confesso de que se deixou "engavetar" pela própria escuderia, só não vai ser pipoqueiro nos cinemas de Brasília porque seu pai é rico e tem um monte de carros para ele andar dirigindo por aí.