O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

5 de ago. de 2009

DIÁRIO DE BORDO

AS DUAS FACES DE MACEIÓ
Moisés Antônio Pereira
Jornalista
Voltando a Maceió depois de 25 anos fiquei surpreso com a infra-estrutura do turismo por aquelas bandas. Nota-se grande investimento na orla, tours organizados possibilitando um conhecinento facilitado de toda a extensão do litoral atingindo Porto de Galinhas, no litoral norte e diversos pontos do litoral sul, chegando ao Delta do São Francisco.

Não tenho a pretensão de fazer crônica de turismo porque essa não é bem a minha praia. Nem por isso deixaria de destacar a praia do Gunga - esta principalmente -Praia do Francês, Dunas de Marapé, e Nove Ilhas como as mais atraentes. É importante também ressaltar a hospitalidade dos nordestinos e a sua qualificação no atendimento aos turistas.


Se ficasse por aí seria uma beleza, mas tem o outro lado da moeda. É revoltante ver a extensão de praias privativas com dezenas de quilometros onde os nativos não têm acesso e dependem da subida da maré para em barcos precários descerem o rio para a sua pesca de sobreviência .

Essas praias particulares invadidas, como diria a UDR, ou ocupadas como diria o MST, o turista, desde que pague, pode visitar. Uma das "atrações" dos tours é passar em frente a mansão onde "arquivaram" o PC Farias, a casa de praia da "saudosa" Tereza Collor, o estádio Rei Pelé, e muitas lembranças do "caçador de marajás".

Saindo da orla e indo ao Centro histórico e ao mercado central, uma outra realidade aflora e esta é a pior possível: ali a miséria, a exclusão e a margina-lidade são predo-minantes. Emble-mática é a chama-da "Feira do Rato" onde espremidos por favelas dos dois lados os ambulantes compram, vendem e trocam quinquilharias nos trilhos do trem. Sua grande atração é o corre-corre quando passa o trem. Neste território é deprimente observar as péssimas condições de higiene, limpeza e enorme pobreza que impera sem fazer inveja à sempre citada Biafra. Poucos têm consciência da realidade alagoana, um estado com mais de 40% de analfabetos funcionais, cerca de um milhão de pessoas, onde pouco mais de duas dezenas de "coronéis" são donos de 95% da riqueza do estado.

Outros aspectos poderiam ser enumerados, o folclore, o artesanato, a memória, mas vou ficando nestes. Penso serem suficientes para dar uma idéia do que observamos e constatamos de contraditório.
RODAPÉ - Inconfidência: esse relato saiu por conta das férias e da gripe suína que impediu Moisés Pereira e Narinha de irem a Buenos Aires - surto argentino, não deles. Assim é que passaram a última semana de julho em Maceió, República das Alagoas. Como privilégio de uma velha e consolidada amizade, tiveram por companheiros de viagem o Dr Pedro Curi e Tânia. Pedrinho é figura inconfundível numa viagem. Moisés confessa que gostaria de comentar vários aspectos colecionados ao correr da viagem "desde a gastronomia, com o Pedrinho em busca do 'camarão à grega, mais que perfeito' - passando pela qualidade das praias, pela rivalidade do CRB e CSA, 3a. e 4a. divisões, e também aspectos sócio políticos". Por isso mesmo, com ordem de baixa do próprio Dr. Pedro Curi, veio em seguida parar neste Sanatório.