Era uma vez... um domingo em Montevidéu, dia do último jogo amistoso da Seleção do Uruguai antes da Copa do Mundo de 1950... O G. E. Brasil, paixão rubro-negra do futebol de Pelotas - uma pátria pequena que eu tenho no Sul, convidado de honra da "Celeste Olímpica" foi escalado para ser a derradeira vítima do time uruguaio que vestiu o Maracanã de luto para sempre.
O Xavante, atrevido como ele só, frustrou os planos uruguaios e ganhou o jogo por 2x1. Até aí, tudo bem. O que a memória me conta é que, nos primeiros minutos de jogo, o atacante Manuelzinho foi atropelado pela chuteira patriótica de um zagueiro desalmado. Saiu de campo e deu lugar ao excelente meia-armador Barãozinho.
O histórico feito do time pelotense ficou registrado para sempre, nos anais do futebol dos Pampas e na alma dos torcedores pelotenses: o Brasil ganhou dos campeões do mundo. Ganhou daqueles que ganharam de Barbosa, Bauer, Zizinho, Jair da Rosa Pinto, Ademir Queixada... Mas, Barãozinho - que entrou depois e até jogou muito bem - não saiu na foto! Nunca pôde provar que jogara aquele jogo. Foi sempre a sua palavra contra a voz do vestiário e a dúvida da galera.
É nessas horas que o passado nos traz para o presente. E como o Brasil é o país do futebol; e como Lula é um reconhecido metafórico de bolas e bolaços, a gente fica ouvindo seu poste preferido para 2010 iluminar-se quando diz que foi "barbaramente torturada" pela ditadura. Mas dona Dilma Roucheffe não mostra um só sinal, uma só marca, uma única cicatriz desses maus tratos, dessa bárbara tortura.
Dilma Roucheffe está para os dias de hoje na política brasileira, como Barãzinho esteve para o futebol de ontem: é a sua palavra - a mesma dos diplomas de doutora - contra a voz rouca das ruas.