Esse bafafá em que o senador DEMóstenes Fones está metido com ares de quem vai dar os doces, mas não vai largar a rapadura, é mais do que Zé Dirceu sonhava: é tudo que Zé Dirceu vinha elucubrando desde que saiu pela porta dos fundos da Casa Civil, com seus 38 mensaleiros, varridos pela vassoura oportuna e espanejante de Ali Babá.
Foto/blogdodecio.com.br
O Mensalão, foi ou não foi o maior escândalo político dos últimos anos? Pois os mensaleiros estão na marca do pênalti que deve ser batido ainda este ano pelos craques do Supremo Tribunal Federal. Isso requer providências urgentes. Então vejamos...
Até dizer que o enrosco de DEMóstes é o retruque que Dirceu dá agora ao truque armado pela dupla dinâmica DEMóstenes/Cachoeira, filmando o malfeitor Waldomiro Diniz cometendo malfeito só para encrencar o seu companheiro de moradia Zé Dirceu - precisa-se pegar a ponta da linha e desenrolar o carretel da velhacaria que foi costurada pela pandilha de sevandijas.
Eis que, senão quando, mais que de repente surge impoluta a figura de um empresário goiano, Ernani de Paula que já foi prefeito de Anápolis, por acaso, cidade onde nasceu e se estabeleceu o contraventor Carlinhos Cachoeira. Anápolis também por essas notáveis coincidências é a base eleitoral do senador Demóstenes Torres.
Pois agora, De Paula diz - numa entrevista concedida ao repórter internauta Marco Damiani esta semana - que Cachoeira e Demóstenes fabricaram a primeira denúncia do Mensalão.
O Mensalão, você e a torcida do Flamengo sabem disso, começou com aquele vídeo em que um circunspecto funcionário dos Correios, Maurício Marinho, é protagonista da cena principal recebendo uma propinazinha michuruca de R$ 5 mil dentro do putrefato organismo estatal.
A gravação foi feita pelo araponga Jairo Martins. Sua divulgação bombástica foi concebida e executada pelo jornalista Policarpo Júnior, da revista Veja.
Diz o agora expedito alcaguete Ernani de Paula que Jairo Martins era abastecido de grana por Cachoeira. Hoje os dois estão em cana, pilhados pela notória e retumbante Operação Monte Carlo.
O relato do antigo prefeito de Anápolis junta-o a Cachoeira e DEMóstenes:
Era uma vez... o início do governo Lula. Corria o ano da graça de 2003, e DEMóstenes tinha tudo para se tornar Secretário Nacional de Segurança Pública. bastaria mudar de ideologia política e entrar no PMDB.
O contador da história justifica suaprópria participação no imbroglio: “Eu era o maior interessado, porque minha ex-mulher se tornaria senadora da República”.
Já Cachoeira se interessava, porque seu plano era nacionalizar o jogo no País – coisa que ele já fazia livremente em Goiás - dedura a fidedigna fonte de informação.
Nesse meio tempo a indicação de DEMóstenes ao cargo de secretário de Segurança dançou. Ernani de Paula diz que tem tudo para acreditar que o corte foi dado por Zé Dirceu. Pronto, foi o que bastou para o senador goiano e seu velho amigo Carlinhos Cachoeira "começarem a articular o troco".
O primeiro tombo foi de Waldomiro Diniz, então assessor de Dirceu, da Casa Civil. Dono confesso de uma "fidelidade canina" a Lula, Dirceu apressou-se a dizer - traíra como sempre - que não conhecia direito o tal Diniz. Conta Ernani de Paula que a fita também foi gravada por Cachoeira.
A próxima porrada foi forte: a fita dos Correios, estourou na forma daquela reportagem de Policarpo Júnior, que desfiou o enredo do Mensalão, em 2005.
Pois não é que agora sete apropriados anos depois, na feérica operação Monte Carlo, o jornalista da revista Veja é atropelado pelo impacto de um gravador que revela 200 conversas telefônicas com o bicheiro Cachoeira?
Coisinhas bobas, tudo matéria para as sempre muito lidas edições da revista mais procurada nas bancas de todo o País. Bancas de revista, bem entendido. As bancas de jogatina são do Carlinhos Cachoeira que delas, ele não abre mão nem que dê zebra na cabeça, ou que a vaca tussa do primeiro ao quinto.
Veja até agora não viu nada disso. O que seu redator-chefe trata com o bicheiro não tem sido de sua conta. A revista não tem palpite a respeito.
Mas é assim que as confiáveis revelações de Ernani de Paula se prestam para juntar o caso de polícia que fala da cumplicidade de um bicheiro, com um senador e com a revista Veja - ou pelo menos na sucursal Brasília. As coisas aconteceram nesse mês de uma forma desconcertante. De repente, morre Chico Anysio; logo depois Millôr Fernandes.
Da mesma forma inusitada, o Brasil descobre que DEMóstenes Torres, o seu Paladino da Justiça tinha outro por dentro e que o chefe de redação da Veja, último bastião da moralidade escrita no Brasil, está mergulhado até os gornes no mar de lama da bicharada que habita o Zoológico de Cachoeira.
A um só tempo, o Brasil perde a graça e a vergonha. Aonde é que esse país vai parar? E por que, quando, como e quando?
Você se importa com isso, ou tá nem aí, já que as notícias do Sírio-Libanês - o SUS das elites dizem que o Cara escapou do tumor na garganta com o mesmo jogo de cintura com que se livrou daquela antiga "punhalada nas costas" e, para o bem do povo, se junta agora aos primeiros gritos da voz rouca das ruas que brada "Volta, Lula!"?!?Eu vô batê pra ti, pra tu batê pra tua patota: - Tu tá morrendo de frustração. Afinal, os escândalos da Dilma não chegam nem perto dos escândalos do governo Lula. Isso dá uma saudade. E um medo...