O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

8 de ago. de 2011

HERANÇA MALDITA

SEM TÁBUA DE SALVAÇÃO

Sob os eflúvios da herança maldita que foi deixada para a governanta Dilma nesse terceiro governo Lula, a primeira-presidenta tem que aturar a posse de um Celso Amorim no Ministério da Defesa, enquanto é obrigada a dar respaldo a Wagner Rossi na pasta das Agronegociatagens.

Com a posse de Amorim, ela desagrada as Forças Armadas, mas agrada Seu Encarnado - aquele que não desencarna da Presidência; com a manutenção de Rossi, ela se faz mais Dilmarionete que nunca ao livrar a cara de seu vice-mais presidente, Michel Temer.

A verdade é que a Maldição de Lula está lançando nuvens sombrias e ameaçadoras sobre o gabinete da Presidência da República. O céu nunca esteve tão fechado em cima do Palácio do Planalto. É que agora, depois que foi demonizada a legião de anjos maus do PR, estão sendo cortadas as asas dos seguidores de Lucifer, a comandita do PMDB, a mais poderosa falange que acoberta o governo do PT.

Nunca Dilma esteve tão exposta a chuvas e trovoadas como agora. Seu guardachuva contra respingos é pequeno para enfrentar a enxurrada que vem por aí.

O PT do Mal sabe que esse aguaceiro que afogou o partido da dupla Costa Neto e Alfredo Nascimento, pode levar por águas abaixo a qualquer momento o PMDB de Temer e Rossi. Dilma então ficaria ilhada e flagelada sob a proteção una e indivisível do PT, logo o PT que não a considera "gente da gente", já que vem do PDT de Brizola, hoje um partido que não chove nem molha.

A previsão do tempo para esses próximos dez, quinze dias, é de raios e coriscos na Esplanada dos Ministérios. Há anúncios de que vem por aí uma tsunami, bem maior que as marolinhas dos tempos do seu antecessor.

As águas podem rolar, segundo os meteorologistas das salas de redação, e provocar um maremoto de dimensões oceânicas rumo a um inevitável apagão na área das minas e energia. O governo está à beira de entrar em choque. Pode ter um colapso.

Dilma sabia muito bem, quando se arvorou a ser a primeira-mulher-presidenta do Brasil da Silva que quem vai na chuva é para se molhar. O que ela não sabia é que poderia naufragar sem ter sequer a esperança de encontrar uma tábua de salvação.

ENTREMENTES...

A reboque do trabalho da imprensa,  meio porta-estandarte das denúncias das revistas Veja, e IstoÉ, dos jornais Estadão e Folha de S. Paulo, a oposição saiu de sua letargia absurda e agora cobra faxina na Agricultura da mesma forma como ela andou passando a vassoura nos Transportes de Valores do PR de Costa Neto, guru de Alfredo Nascimento.


Os despertos líderes do DEM, PPS e PSDB cutucam a primeira-presidenta para que enfrente o PMDB, seu principal aliado, e faça a faxina que precisa ser feita por lá, ainda que seja o partido de Michel Temer, o vice-mais presidente da História do Brasil.

Mas quê, nada, Dilma prefere adotar o codinome de Dilmarionete e faz ouvidos moucos ao berreiro sempre atrasado da oposição dando um voto de confiança ao afilhado de Temer no rentável ramo das agronegociatagens.

Vai ser difícil salvar Wagner Rossi. Isso só acontecerá se Dilma não se importar em ser ridicularizada por se deixar reduzir à condição de simples governanta do governo invisível de Lula. Fazer-se de escudo da mixórdia que corre frouxa no Ministério dos Agronegócios é chover no molhado.

Rossi não deve se aguentar muito tempo nas patinhas de trás. Vai precisar apenas de uma trégua para arrumar algumas gavetas, limpar outras tantas e encontrar a porta que leva ao elevador dos fundos, como se fosse a saída mais honrosa.

A balbúrdia no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está à beira do caos; sim, do caos e não do cais, já que em matéria de portos a causa dos lobistas vai muito bem, obrigado. Quem procurar pelos terminais portuários vai encontrar. De tudo um pouco e até muito mais.

Há digitais de partidos amigos, marcas quase indeléveis, espalhadas no volumoso processo de entra e sai, vai e vem da produção brasileira, tanto faz que seja de carnes ou vegetais. Basta fiscalizar esse reduto peemedebista. Mas disso,  o democrático Wagner Rossi não gosta - acha que é "atitude policialesca" - e Michel Temer diz que não precisa, "pois no PMDB não há o que fiscalizar".

Ao fim e ao cabo, isso tudo que está acontecendo e muito mais do que ainda há por acontecer, é a herança maldita de quem loteou o Brasil em todas as suas extensões  públicas e privadas, aplicando o que cognominou de "estratégia de coalizão pela governabilidade". O que começou como compra e venda de partidos, espalhou-se em forma de cargos públicos, terceirizações, intermediações e lobismo desenfreado. Hoje, ninguém mais segura esse país.

O trio pode desafinar de vez.
 O triste dessa tragédia política e administrativa do Brasil é que a oposição só age a reboque, só se manifesta quando pega carona no trabalho que vem sendo realizado pela imprensa. Vive de ameaçadores pedidos inócuos de instalação de CPIs, instrumento pirotécnico parlamentar que, sem bússola, sem rumo, nunca leva a lugar algum.

O Brasil seria bem melhor, bem mais honesto, se a oposição cumprisse o seu papel de fiscalizadora do governo, arregaçasse as mangas e trabalhasse.

Assim como está, tudo se resume a uma semana de manchetes de revistas e de jornais para cada escândalo. Os escandalosos perdem a boca rica e, sem devolver um centavo dos milhões que abocanharam, saem da triste vida pública para viver ricos e felizes na privada. E o povo brasileiro deixa o barco correr,  pois ninguém mais se escandaliza com essa nau de insensatos.