O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

2 de ago. de 2011

AGROTRANSPORTE IÔ-IÔ

Em mais uma reunião de coordenação do governo, Dilma voltou a ser a primeira-presidenta do terceiro governo Lula: não cobrou explicações e nem deu qualquer sinal de que faria uma faxina no Ministério da Agricultura, como a que promoveu no Ministério dos Transportes de Valores.

Romero Jucá estava lá e ela não cobrou nenhuma explicação  do irmão de Oscar, o delator da Conab que jogou herbicida e outros detritos na pá do ventilador do Wagner Rossi, apadrinhado de Michel Temer para efeitos de agronegócios e escoamento tipo iô-iô da produção por alguns dos melhores portos do Brasil.

Claramente Dilma quer desviar-se do efeito dominó que a corrupção está provocando já em cinco dos seus ministérios. Parece até que ela não quer atingir os mesmos índices que Lula alcançou em razão de um escândalo atrás do outro. Uma questão de fidelidade da criatura para com o criador.

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Ordem de precedência: Temer à frente de Dilma

No momento em que Dilma atingir os índices de consagração popular do Seu Encarnado, ela estará prejudicando visivelmente os planos da volta de Lula ao Palácio em 2014. Então melhor não saber de nada. Nem mesmo saber as coisas mais simples como o que é mesmo que significa "Wagner Rossi apadrinhado de Michel Temer".

Como assim, "apadrinhado"? O que é mesmo que isso quer dizer? Padrinho, nesse caso, não tem nada a ver com crisma nem batismo. Não tem nada de santidade, até porque ninguém por ali é freira nem santo - como diria o grande mestre que não desgruda do governo.

Padrinho aí, tem tudo a ver com proteção, intermediação, coisas assim como aquela velha expressão "mais um empurrão e a caixa vai pro porão". E o que não falta nesse apadrinhamento é aquele cheiro de maresia que vem das beiras de cais, das docas, dos portos seguros que o "padrinho" tipo mediterrâneo, calabrês, siciliano, garante para o bem de todos e felicidade geral de seus afilhados.

Quando não se quer saber nem isso, então é porque a maré não está pra peixe. Pode estar para o mais novo departamento da estrutura governal deixada de herança para Dilma, o Agrotransporte Iô-Iô - aquele que sob as bençãos do "padrinho" leva e trás de tudo um pouco lá pra fora e cá pra dentro. Cá pra nós, os os apadrinhados, os afilhados desses deuses sobreumanos de governos sobrenaturais.

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Ordem de precedência: Michel Temer no meio.

Parece até ironia: Agrotransporte é uma coisa assim que junta dois ministérios num só. É a simbiose mais que perfeita do que pode estar fazendo a vida fácil das estivas de Santos, Paranaguá; dos terminais rodoviários que vão das nascentes à foz desses rios de lama; das gares ferroviárias que ainda se arrastam por aí, no ir e vir mais airoso e desbragadamente republicano; das rodovias sem obstáculos e sem fiscalização, posto que não convém ao Agrotransporte e suas circunstâncias nenhum regime policialesco.

Não é ironia. É deboche; é gandaia; é farra...  Farra de boi que, pelo espírito de porco, é fortuitamente embargado pela Rússia - um dos países campeões mundias no reino da propina - e, como que por encanto, liberado em nome da rosa que enfeita os jardins dessa Babilônia em que se transformou o Brasil.

É farra de tudo um pouco e daquelas que vão longe. A pandilha se diverte e se higieniza, se sanitariza, se revigora com fungicidas, herbicidas, vacinas, sucos cítricos que lhes garantem saúde e vida rica com cana de açúcar, café, milho, trigo, produtos agrícolas que, no seu constante vaivém, significam mais de 70% da razão de ser da empastelada Pasta da Agricultura.

É suruba permanente. Festa interminável que amontoa agronegócios, produção, agroenergia, desenvolvimento, cooperativismo... Sim, cooperativismo. Todo mundo coopera, de uma certa e boa forma, com todo mundo. Ou quase todo mundo, já que a maioria esmagadora dos farristas é de paraquedistas, de terceiros neófitos que caíram na área e tomaram de assalto os quadros de carreira. A corrida é grande.

E, então, quando numa reunião de coordenadores de governo não se pergunta nada sobre isso, é porque de duas hipóteses pode-se ficar com duas: ou já se sabe tudo a respeito; ou já não se respeita nada do que se diz que não sabe.
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Ordem de precedência: Porto de Paranaguá

Isso seria caso para impeachment, aquele mesmo impeachment do mensalão que morreu na casca para que Lula escapasse teso e ileso, imune e impune do barraco armado por Zé Dirceu e seus 40 mensaleiros - hoje, meros aprendizes dessa geração que aperfeiçoou a cartilha editada pela Casa Civil da Presidência da República no já longínquo ano de 2005.

Se oposição houvesse no Brasil, o País estaria correndo hoje um risco sem precedentes: o impeachment. Aí é que mora o perigo, a emenda seria pior que o soneto. Dilma sairia e Michel Temer assumiria.