SEQUESTRADORES
Aí, o sequestrador telefonou de um orelhão para a família da vítima:
- Aí ó, vocês paga 2 milhão de real, ou a gente manda a mão direita dela procês...
- E se nós pagarmos?
- Aí nós entregamos a filha de vocês inteirinha, sem nenhum arranhão.
Ao fim dessa "negociação", a família concorda com a "estratégia de coalizão" da bandidagem, paga com dinheiro não contabilizado e fica à espera que a promessa seja cumprida. Se tiver sorte, o resgate até pode ser consumado. Mas fica a certeza de que a qualquer momento, a família pode ser vítima de novo rapto, novo sequestro, nova chantagem.
Como picada de cobra que se cura com veneno de cobra, a chantagem só sobrevive com uma nova dose de chantagem. É disso que há mais de oito anos o governo brasileiro vem vivendo. A única diferença é que na versão oficial da "estratégia de coalizão pela governabilidade" os valores são bem mais altos.
CARA DE UM...
Wagner Rossi e Mano Menezes são a cara de um e focinho do outro. Rossi prometeu mudanças no Ministério da Agricultura e Mano diz que vai mudar a Seleção. A expectativa é que, antes de tudo, mudem o ministro e o treinador.
COMPLEXO
Quando Dilma esbraveja e fala em vassourada geral, a gente pensa que agora vai! Aí, ela pede uma sessão de terapia com o Seu Encarnado e reassume o papel de Dilmarionete, a governanta bem mais forte que a presidenta. Sem qualquer complexo de inferioridade. No fundo, no fundo, ser doméstica de um terceiro mandato Lula não é pra qualquer uma.
O MAU CONSELHEIRO
E sabe lá você, o que foi que o ex-presidente aconselhou a sucessora a fazer? Se não sabe é porque você é tão indeciso quanto Dilma diante do palestrante podre de rico. Ele simplesmente disse para ela fazer o que ele sempre fez: "não esticar mais a corda". E ainda traduziu: "É preciso promover mais encontros com deputados e senadores, fazer afagos nos parlamentares e repactuar a coalizão".
Esse Lula tem um jeito esperto de dizer as coisas. "Repactuar a coalizão" quer dizer, nem mais nem menos, do que abrir as burras públicas, devolver os cargos que tirou, compactuar com a corrupção desenfreada, prática que durante oito anos Lula estimulou como se não soubesse de nada.
E como assim, "fazer afagos nos parlamentares"?!? Se isso quer dizer o que diria para o mais comum dos mortais, então é uma proposta indecorosa, sacanagem que jamais se deveria sugerir a uma dama. Se, no entanto, é o que significa no mais puro lulês, então se trata de propina, de compra e venda, de toma lá e dá cá. Bem feito pra Dilma. É nisso que dá a gente se meter com más companhias e péssimos conselheiros.
CHANTAGEM DO PMDB
Na terça-feira, o PMDB chegou a ameaçar romper com o governo depois de saber que o Ministério do Turismo, dirigido pelo partido, havia sofrido uma devassa, no rastro da Operação Voucher, da Polícia Federal. Mais um caso explícito de chantagem. Tipo assim "me dá o que eu quero, ou acabo com você". Como o PT sabe que é muito menor que o PMDB e que sem ele não é coisa nenhuma, a ameaça soou uma vez mais como a velha senha das Mil e Uma Noites, na história de Ali Babá e os 40 Ladrões: "Abre-te Sésamo!".
FORTIFICANTE
A administração Dilma do terceiro governo Lula ainda não se deu conta de que se fortalece cada vez que perde um ministro. Quem perdeu Jobim, Alfredo Nascimento, remanejou Luiz Sérgio e Ideli Salvatti só tem motivos para comemorar. Dilma tem tudo para dar afinal o seu grito de independência quando perder Mário Negromonte, Wagner Rossi e Pedro Novais. Até lá, segue Dilmarionete, a doméstica do governo submerso que engole Lobão, Tapioca e Hadad, o professor aloprado. Perder esses ministros xaropes é o seu maior fortificante. Dilma não tem nada a perder e o Brasil tem tudo a ganhar.